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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

POLÍCIA FEDERAL CUMPRIU MANDADOS EM CURITIBA COM PRISÃO DO DIRETOR GERAL DO DER DO PARANÁ

A Polícia Federal (PF) prendeu temporariamente sete pessoas na
 manhã desta quinta-feira (22), na 48ª fase da Operação Lava Jato, 
batizada de Integração. Um dos presos é o diretor-geral do 
Departamento de Estradas de Rodagem no Paraná (DER/PR), 
Nelson Leal.
Os policiais também cumpriram mandados de busca e apreensão 
em três estados, além do Paraná. Foram feitas buscas, nesta 
manhã, no Palácio Iguaçu, sede do Governo do Paraná. Ao todo, 
50 ordens judiciais foram expedidas.
Essa nova etapa da operação, conforme a PF, apura corrupção, 
fraude a licitações e lavagem de dinheiro na concessão de 
rodovias do Paraná.   Os alvos principais, de acordo com o Ministério
 Público Federal (MPF), são servidores públicos e empresas
 investigadas por corrupção, lavagem de dinheiro, associação 
criminosa e peculato.
Carlos Nasser, funcionário com cargo em comissão da Casa 
Civil, que fica na sede do governo do Paraná, foi alvo de busca
 e apreensão. Ele é considerado homem de confiança do 
governador Beto Richa (PSDB).
G1 tenta contato com a defesa dos alvos. O governo estadual
 informou vai se manifestar assim que tomar ciência de todas as 
informações relacionadas à 48ª fase da Lava Jato.
Também há mandados de busca e apreensão sendo cumpridos
 na presidência do Departamento de Estradas de Rodagem no
 Paraná (DER/PR) e na Companhia de Tecnologia da Informação 
e Comunicação do Paraná (Celepar).  Os 50 mandados de busca 
e apreensão devem ser cumpridos nas seguintes cidades: Londrina,
 Curitiba, Jataizinho, Paranavaí, no Paraná; em Balneário Camboriú, 
em Santa Catarina; Rio de Janeiro; e São Paulo.
Servidores da Receita Federal e representantes do Ministério Público 
Federal (MPF) também participam da ação.  

Anel da Integração

De acordo com a PF, o foco desta etapa, que é a primeira de
 2018, é a apurar casos de corrupção envolvendo os procedimentos 
de concessão de rodovias federais do Paraná que fazem parte 
do Anel da Integração.   Criado em 1997, o Anel da Integração interliga
 as principais cidades do Paraná. São seis lotes de concessão de 
estradas federais por um prazo de 24 anos. O Anel da Integração 
tem 2,4 mil quilômetros.
Segundo a PF, a concessionária Econorte usou os serviços dos 
operadores Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran, já investigados 
na Lava Jato, para lavar dinheiro.
Ainda conforme a polícia, os operadores viabilizaram o 
pagamento de propina a funcionários do Departamento 
Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), do DER/PR 
e da Casa Civil do governo do Paraná.
G1 enviou e-mail pra assessoria de imprensa do DNIT 
no início da manhã e tentou ligar para o órgão, mas ninguém
 atendeu.

Dinheiro a empresas de fachada

De acordo com o MPF, a Econorte recebeu cerca de R$ 2,3
 bilhões de tarifas pagas pelos usuários entre 2005 e 2015. 
Deste total, pelo menos R$ 63 milhões foram repassados, 
conforme o MPF, para empresas de fachada ou sociedades 
cuja prestação de serviço ou entrega de produtos não foi 
confirmada.
Uma subsidiária integral em contratos de conservação de 
rodovias recebeu R$ 343 milhões e R$ 110 milhões, da 
subsidiária integral, foram repassados a holding do grupo, segundo o MPF.

Superfaturamento

As perícias técnicas realizadas pelo MPF apontaram superfa-
turamento nos valores das obras das concessionárias.
Um laudo técnico, que usou como parâmetro a tabela do 
Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da 
Construção Civil (Sinapi), da Caixa Econômica Federal, 
mostrou que o sobrepreço de itens da planilha chegou a 
89% em relação ao valor de mercado.
Apesar de existir uma determinação do Tribunal de Contas 
da União (TCU) e um estudo técnico que recomendava a 
redução da tarifa em 18%, a Econorte foi favorecida por dois
 termos aditivos e um termo de ajuste que aumentaram a
 tarifa paga pelo usuário em mais de 25%. Então, ainda de
 acordo com o MPF, o DER/PR dizia ter necessidade de 
reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos. Esse valor
 a mais, conforme o MPF, era usado para pagamentos indevidos.

Apartamento de luxo

Um dos servidores públicos, que subscreveu os aditivos com 
a Econorte, comprou um apartamento de luxo em Balneário 
Camboriú (SC) por R$ 2,5 milhões. Cerca de R$ 500 mil do 
valor total foram pagos em espécie ou, segundo o MPF, com
 recursos que não tiveram a origem identificada nas contas
 do investigado.
Além disso, as investigações levantaram evidências de que
 um empresário, prestador de serviços de engenharia às 
concessionárias de pedágio, custeou as despesas do aluguel 
de um iate de luxo do servidor público.  G1

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