A Justiça sequestrou, na sexta-feira (23), o apartamento do ex-diretor
do Departamento de Estradas de Rodagem no Paraná (DER-PR),
Nelson Leal Junior. Ele e mais cinco pessoas foram presas na
quinta-feira (22), na 48ª fase da Lava Jato.
Essa etapa da operação, conforme a Polícia Federal (PF), apura
corrupção, fraude a licitações e lavagem de dinheiro na gestão das
concessões de rodovias federais no Paraná. Para o MPF, a investigação
Apartamento de luxo
O imóvel de Nelson fica à beira-mar em Balneário Camboriú, no
litoral de Santa Catarina. No prédio, há um apartamento de 212
metros quadrados por andar.
Uma funcionária, que não quis ser identificada, disse à equipe da
RPC que Nelson esteve no local uma semana antes de ser preso.
"Ele veio buscar a família na semana passada, foi embora no
domingo", disse.
O apartamento custou mais de R$ 2,5 milhões. Segundo o Ministério
Público Federal (MPF), R$ 533 mil não tiveram a origem identificada.
O pagamento de algumas parcelas chamou a atenção dos investigadores.
Conforme o MPF, ao invés de fazer transferências bancárias,
Nelson ia de Curitiba a Balneário Camboriú pessoalmente para
fazer as quitações.
Os procuradores afirmam que ele colocava R$ 20 mil, R$ 40 mil
em malas, sacolas e viajava mais de 200 quilômetros para entregar.
o dinheiro à construtora.
BARCOS DE LUXO
Os procuradores afirmam que, quando ia pra Santa Catarina,
Nelson costumava alugar barcos para passear com amigos e
família. Segundo as investigações, a preferência era por embarcações
grandes, com dois quartos, uma suíte, banheiro e cozinha.
A diária chega a custar R$ 16 mil. De acordo com o MPF, há evidências
de que o depósito pelo pagamento do barco foi feito com dinheiro
vivo, sem identificacão correta da origem. Em depoimento aos
procuradores, o dono da empresa que alugou o barco disse que,
muitas vezes, Nelson veio acompanhado do empresário Wellington
Volpato, dono de uma asfáltica em Paranavaí; e que Wellington
chegou a ceder uma locação para Nelson.
Wellington também foi preso, suspeito de envolvimento no
esquema da concessionária Triunfo-Econorte.
Em Balneário Camboriú, por telefone, a RPC conversou com
um funcionário de uma marina que trabalhou no barco para
Wellington. Ele contou que o empresário costumava dar gorjetas
generosas. "Às vezes, de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil", disse.
O que dizem os citados
A defesa de Nelson diz que o apartamento foi comprado com
recursos lícitos, constantes no Imposto de Renda; e que o imóvel
consta na declaração da empresa.
Quanto às locações, a defesa do ex-diretor do DER-PR diz que
não há nada de anormal, que se trartava de evento especial, à
altura das condições financeiras de Nelson.
A defesa de Wellington confirmou que ele costuma alugar barcos
todos os anos e que a família dele e de Nelson são amigas. Sobre
as gorjetas, o advogado desconhecer o fato e que, em depoimento
prestado, ele esclareceu os fatos ao MPF.
Em nota, a Econorte disse que não contratou os serviços de Nelson.
Novo diretor-geral
Depois da prisão de Nelson, Paulo Montes Luz foi nomeado novo
diretor-geral do DER-PR, ainda na quinta-feira. Paulo disse, durante
uma entrevista coletiva concedida na sexta-feira, que considerou a
operação um "equívoco".
Nelson foi indicado, em 2013, ao cargo de diretor-geral por José Richa
Filho, irmão do governador Beto Richa (PSDB). Pepe Richa – como é
mais conhecido – é secretário de Infra-estrutura e Logística do
Paraná. G1
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