.

.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

MAIS DE 70% DOS BRASILEIROS VÃO USAR 13º SALÁRIO PARA PAGAR DÍVIDAS

Assim como nos outros anos, o pagamento de dívidas será o principal destino dado ao 13º salário pelos brasileiros em 2015. Dos entrevistados em pesquisa realizada pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), 74% afirmaram que vão usar esta renda extra do final do ano para acertar suas pendências, principalmente aquelas relacionadas ao cartão de crédito e ao cheque especial.
Ainda de acordo com a pesquisa, as prioridades dos consumidores no recebimento do décimo terceiro não mudaram em relação a 2014, quando 68% iriam usar a renda extra do final do ano para o pagamento de dívidas. O que mudou foi a proporção – este ano o índice de pessoas que pretendem quitar dívidas com esse bônus aumentou 8,82% em comparação com o ano passado.
Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac, este aumento se justifica pelo fato de 2015 ter sido um ano difícil, marcado pela inflação, juros, impostos altos e desemprego elevado. Com um cenário econômico prejudicado, as famílias se endividaram mais, levando-as a priorizarem as dívidas no uso do 13º. "O quadro piorado da economia fez com que sobrasse menos dinheiro para outras finalidades", explica o executivo.
Em compensação, houve queda de 27,27% no número de pessoas que deverão usar o décimo terceiro para pagar as despesas do início do ano ou comprar presentes. "Esperamos que este seja o ano das ‘lembrancinhas’", diz Oliveira, referindo-se aos presentes de Natal.
A afirmação do executivo é sustentada por dados da pesquisa da Anefac, que mostram que diminuiu o volume de pessoas que deverão destinar valores maiores com as despesas de fim de ano e aumentou a proporção de pessoas que querem gastar valores menores neste Natal. A porcentagem de pesquisados que deverão gastar entre
R$ 1.000 e R$ 2.000 caiu 33,33%, e o índice de entrevistados que pretendem gastar até R$ 100 com as compras de Natal cresceu 14,29%.

Prioridades

Segundo o executivo da Anefac, ao receber o décimo terceiro, o consumidor deve dividir a renda extra em três partes, não necessariamente iguais: a primeira para as dívidas, a segunda para as despesas do início do ano e para as compras de Natal e a terceira para poupar. E diante de um cenário de recessão, Oliveira recomenda às famílias serem ainda mais "conservadoras" com os gastos. "A melhor saída é ser mais conservador, extremamente conservador com os gastos", reforça.
"O primeiro ponto é quitar as dívidas de maior custo, com as maiores taxas de juros", diz o especialista em Finanças e professor da FAE Centro Universitário, Amilton Dalledone. "E se possível, guardar um pouquinho." Isto é o que vai fazer o casal Neemias, administrador aposentado, e Mirian Pinho, dona de casa. "Por causa da crise, vamos guardar", justifica o aposentado.
Para Dalledone, a crise realmente exige que se tenha cautela. "Como a economia está instável e não sabemos o que vai acontecer, a reserva é importante. O ideal é guardar um pouco. Quando estamos em uma situação complicada, é preciso disciplina."
Também é importante reservar dinheiro para pagar as despesas do início do ano à vista, observa o professor. E caso queira presentear os parentes, o consumidor deve fazer uma lista estipulando valores e respeitando o orçamento. "E comprar à vista negociando descontos." Para o professor, mesmo que no Natal os consumidores queiram agradar seus entes queridos, não se pode pensar de forma emocional em momentos como esse. "Temos que ser racionais na hora da crise."
Mie Francine Chiba
Reportagem Local

Nenhum comentário:

Postar um comentário