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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

GAECO SEGUE RASTREANDO OS I NVETIGADOS DA OPERAÇÃO PUBLICANO

O trabalho de rastreamento do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) junto aos patrimônios e bens dos investigados pela Operação Publicano está longe de acabar. Em entrevista ao Bonde nesta quarta-feira (28), o promotor Jorge Barreto da Costa contou que, a partir de agora, o órgão pretende identificar "situações semelhantes", nas contas e rendas dos suspeitos, aos fatos investigados pela terceira fase da operação, que conseguiu rastrear o dinheiro ilícito recebido pelo ex-delegado da Receita Estadual em Londrina, José Luiz Favoreto Pereira. "Vamos garimpar informações, fazer esses levantamentos e cruzar dados para identificar novos valores, bens, empresas e até 'laranjas' que tenham relação com o esquema de corrupção investigado", explicou.

Costa lembrou que a terceira fase da Publicano investigou apenas dois dos cerca de 60 auditores já denunciados por participação no esquema de cobrança e pagamento de propina descoberto dentro da Receita Estadual. "É um trabalho de 'formiguinha', que pretende apurar situações envolvendo todos os investigados em um período de pelo menos 20 anos", disse, referindo-se ao tempo de duração da organização criminosa.

Na terceira etapa da operação, o Gaeco identificou que Pereira, com a ajuda de familiares, advogados e contadores, conseguiu 'lavar' o dinheiro ilícito recebido por meio da compra de bens de luxo, como imóveis, carros e até barcos. Ele também teria utilizado a empresa PFPJ Soluções Tecnológicas, registrada no nome de seu irmão, Antônio Pereira Júnior, e de sua cunhada, Leila Pereira, para esquentar o dinheiro recebido de propina com movimentações fictícias.
Arquivo/Folha de Londrina
Arquivo/Folha de Londrina - José Luiz Favoreto, se escondendo em um capuz, foi o principal 'personagem' investigado pela terceira fase da Publicano
José Luiz Favoreto, se escondendo em um capuz, foi o principal 'personagem' investigado pela terceira fase da Publicano


De acordo com as investigações, pelo menos R$ 6 milhões passaram pela 'lavanderia' do auditor. "Não adianta desviar o dinheiro de corrupção se você não tem como usá-lo. A ideia, por parte do corrupto, envolve trazer essa verba de volta para a legalidade, seja por meio da compra de bens ou da abertura de empresas que não existem. E é isso que a gente está investigando", destacou o promotor.

Na avaliação de Costa, com a ação penal apresentada contra os envolvidos, o Gaeco pode conseguir 'recuperar' o dinheiro ilícito. "É importante processar e condenar os suspeitos, para acabar com a chamada sensação de impunidade, fazer com que eles sejam demitidos dos cargos públicos, por conta da improbidade, e, também, recuperar essa verba desviada, diminuindo, assim, todos os prejuízos causados por essa organização criminosa à população", listou.

Equipe reduzida

O trabalho de 'forminguinha', citado pelo promotor do Gaeco, poderia ser realizado de forma mais ágil se a equipe montada no Ministério Público (MP) para investigar a Publicano fosse maior. "Sem dúvida nenhuma iríamos conseguir fazer o trabalho mais rápido. Atualmente, a investigação realizada, dentro das nossas limitações, já é muito boa, mas poderia ser muito melhor", confirmou Jorge Barreto da Costa.

A equipe da Publicano é composta por onze policiais, um delegado, três promotores, quatro assessores e dois auditores, além de diversos estagiários. "Se tivéssemos mais auditores e assessores à disposição, poderíamos agilizar a análise dos dados que chegam diariamente ao Gaeco e, consequentemente, identificar novos crimes e suspeitos", concluiu.

Mais de 200 pessoas, entre auditores, empresários, contadores e advogados, já foram denunciada à Justiça por participação no esquema investigado pela Publicano.

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