Em um café da manhã nesta quarta-feira, 28, com deputados de oposição, o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sugeriu que pode revogar
nesta quinta-feira (29) sua decisão sobre questão de ordem que
estabeleceu o roteiro para um eventual processo de impeachment contra a
presidente Dilma Rousseff antes de uma avaliação final do Supremo
Tribunal Federal sobre o assunto. Até então, Cunha tinha fixado o prazo
de 15 de novembro para divulgar sua decisão.
O objetivo dessa antecipação é acabar com qualquer dúvida
jurídica sobre a forma como a Câmara deve analisar novos pedidos de
afastamento de Dilma e abrir caminho para a abertura do processo. No dia
13 de outubro, os ministros do STF Teori Zavascki e Rosa Weber
concederam liminares proibindo a análise de requerimentos de impeachment
sob as regras definidas por Cunha a partir da questão de ordem
apresentada pelo DEM.
Num primeiro momento, o presidente da Câmara optou por
apresentar ao Supremo uma defesa jurídica da decisão sobre o rito do
impeachment. Na semana passada, em entrevista ao Estado, disse que não
gostaria de analisar nenhum pedido de impeachment antes da análise das
liminares de Teori e Rosa pelos 11 ministros no plenário da Corte.
Cunha já havia comentado com aliados a possibilidade de revogar a
questão de ordem. Porém, ao ser estimulado por setores da oposição e
também por movimentos sociais que pedem a saída de Dilma, o presidente
da Câmara passou a reavaliar sua estratégia.
"Ele nos disse que vai acabar com a questão de ordem e fazer o
que o Supremo quer", disse um parlamentar presente ao café da manhã com o
presidente da Câmara. Questionado pela reportagem, Cunha afirmou que
não havia tomado decisão sobre o assunto.
Relação
Nas últimas semanas, sobretudo depois que as investigações da
Procuradoria-Geral da República avançaram sobre Cunha, setores do
governo passaram a cortejá-lo. Ele receberia apoio para permanecer no
cargo e, em troca, não daria sequência aos pedidos de impeachment que
recebeu na Câmara.
Cunha sempre rechaçou ter feito qualquer acordo com o governo.
Ele, no entanto, admitiu que sua relação com o Palácio do Planalto
melhorou depois que o ministro Jaques Wagner foi transferido do
Ministério da Defesa para a Casa Civil. Os dois têm conversado com
frequência. O presidente da Câmara também chegou a ter uma reunião
reservada com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na qual falaram
"sobre política". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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