O delegado da Polícia Civil Max Dias Lemos, que atua em Matinhos,
no litoral do Paraná, é suspeito de receber R$ 50 mil para libertar
dois traficantes da prisão, de acordo com o Ministério Público (MP).
"O representado Max Lemos Dias manipulou o inquérito policial
em proveito próprio pois recebeu a quantia de R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais) (...) para desfazer a lavratura do auto de
prisão em flagrante e liberá-los", diz trecho do despacho que
autorizou a prisão do delegado.
Além dele, outras três pessoas foram presas na operação, que
foi coordenada pelo MP de Ibaiti, no norte do Paraná. Entre os
presos, estão os que foram anteriormente liberados por Max,
conforme a promotoria. No despacho, também há trechos de
ligações telefônicas interceptadas ao longo das investigações.
Em uma das chamadas, o filho de um dos presos libertados por
Max, conforme o MP, comenta que o "veinho fez acerto com os
homens e ficou de boa".
Crime praticado de 'maneira reiterada'
A promotoria argumenta, ainda, que esse não é o primeiro caso
do tipo envolvendo Max. Conforme o MP, o delegado também
é suspeito de receber R$ 39 mil para permitir que um investigado
responda em liberdade a um inquérito que investiga uma morte
na região.
"(...) verifica-se que o representado está sendo investigado por
crime da mesma natureza do ora analisado, em situações
sem qualquer vínculo e com o envolvimento de pessoas diversas,
demonstrando que o crime poderia ser praticado de maneira
reiterada e não meramente casual", diz trecho do despacho.
Por isso, para a juíza que assina o despacho, Fabiana Ferrari,
a prisão do delegado é necessária "para garantir a ordem pública
ante a possibilidade concreta de reiteração delitiva". No
despacho, ainda é lembrado o fato de Max ter usado uma
viatura da polícia, descaracterizada, enquanto estava de férias.
O advogado de Max, Miguelângelo Lemos disse que, por
enquanto, a defesa não vai se posicionar sobre o assunto.
"Não tivemos acesso aos autos, mas já solicitamos. O nosso
pedido está em trâmite. Por isso, preferimos não nos manifestar
no momento", explica.
O delegado deve responder por corrupção passiva majorada
e por falsificação de documento público.
A Polícia Civil disse que vai instaurar um processo administrativo
pela Corregedoria Geral da Polícia Civil (Cgpc), para apurar
a conduta do servidor.
Além dos quatro mandados de prisão preventiva, outros nove
mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta
manhã no Paraná: em Ibaiti e em Londrina, no norte; em
Matinhos, no litoral; e em Telêmaco Borba, nos Campos
Gerais.
Os outros três presos devem responder por tráfico interestadual
de drogas, associação para o tráfico e corrupção ativa majorada,
conforme o MP.
Investigações
Segundo o MP, as investigações - que duraram oito meses -
tiveram início enquanto um homem de Ibaiti, suspeito de ser
traficante e de liderar uma organização criminosa na região,
era monitorado.
Durante o monitoramento, conforme a promotoria, foi descoberto
que um policial militar e o sogro do prefeito de Ibaiti foram de
caminhonete a Matinhos para levar drogas para o investigado.
Foi, então, que o policial e o sogro do prefeito foram presos
em flagrante. Conforme o MP, porém, eles ficaram na cadeia
por uma noite. Ambos foram soltos ilegalmente por suspeita
de pagar propina para o delegado.
"No dia do flagrante, esse traficante que seria o líder conseguiu
fugir, mas conseguimos prendê-lo e mantê-lo preso em
Londrina depois", relata a promotora.
A operação foi coordenada pela 2ª Promotoria de Justiça
da Comarca de Ibaiti. Para o cumprimento dos mandados,
o MP teve o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate
ao Crime Organizado (Gaeco) e da Equipe de Inteligência
da Polícia Militar (PM).G1
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