.

.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

JULGAMENTO DO EX PRESIDENTE LULA COMO SERÁ ACOMPANHE

Condenado pelo juiz Sérgio Moro a 9 anos e 6 meses de prisão
 Lula da Silva terá seu recurso julgado na quarta-feira (24) pelo 
Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), segunda instância
 das ações da Operação Lava Jato.
A condenação de Lula por um crime comum foi a primeira imposta
a um ex-presidente no Brasil. Tanto o petista quanto o Ministério 
Público Federal (MPF) recorreram da decisão: a defesa pede a
 absolvição de Lula, e o MPF solicita o aumento da pena.  Na 
sentença, Moro sustenta que a OAS pagou R$ 2,2 milhões em 
propina a Lula por meio da entrega do triplex e reformas 
realizadas no imóvel. O ex-presidente nega ser dono do 
apartamento. Nesse mesmo processo, Lula foi absolvido
 da acusação de ter se beneficiado irregularmente do armaze-
namento de seu acervo presidencial, pago pela empresa.
Na segunda instância, o caso será analisado pelos três
 desembargadores da 8ª Turma do TRF-4, em Porto 
Alegre. O processo possui outros seis réus. 

Do que Lula é acusado?

O ex-presidente foi denunciado na 13ª Vara Federal de 
Curitiba por corrupção passiva e lavagem de dinheiro por 
supostamente ter recebido da empreiteira OAS um triplex 
em Guarujá, no litoral de São Paulo.
Segundo a denúncia, o imóvel e sua reforma seriam
 propina da OAS a Lula por favorecimentos à empreiteira
 em contratos com a Petrobras.
Na sentença, Moro sustenta que o ex-presidente ocultou
 a propriedade do triplex. 

Por que o processo foi parar neste tribunal?

O TRF-4 tem jurisdição nos estados do Rio Grande do Sul, 
Santa Catarina e Paraná, com sede em Porto Alegre. Os 
desembargadores da Corte julgam recursos em causas 
decididas por juízes federais de primeiro grau. É o caso 
do processo de Lula, visto que as ações da Lava Jato 
são julgadas pela Justiça Federal em Curitiba.

Quem vai julgar os recursos de Lula?

Formam a 8ª Turma do TRF-4 três desembargadores: 
João Pedro Gebran Neto, relator das ações da Lava Jato
 na segunda instância; Leandro Paulsen, revisor do processo 
e presidente do colegiado; e Victor Luiz dos Santos Laus, 
decano do colegiado.

O que alega a defesa de Lula na apelação?

A apelação tem 491 páginas. Os advogados alegam que
Moro agiu "de forma parcial" no julgamento e defendem
 que não há provas contra Lula.
A defesa diz, ainda, que "a OAS sempre foi e continua 
sendo a proprietária do triplex".

O que pede o recurso do MPF?

O MPF pede o aumento da pena aplicada por Moro a 
Lula. De acordo com o recurso, Moro considerou apenas
 um ato de corrupção passiva na sentença, mas o MPF 
argumenta que foram três atos autônomos.  O MPF solicita,
 ainda, a aplicação do regime fechado a Lula.

O julgamento pode ser adiado?

Qualquer um dos magistrados pode pedir vista do pro-
cesso, ou seja, mais tempo para analisá-lo. Se isso
 acontecer, não há data para a retomada do julgamento.

O processo acaba com este julgamento?

Não. Ainda há possibilidade de novos recursos.

Como a defesa de Lula ainda poderá 

recorrer?

Caso a condenação seja mantida na segunda instância,
 Lula poderá apresentar dois tipos de recurso no próprio
 TRF-4, dependendo do resultado do julgamento:
Embargos de declaração (3 a 0 pela condenação):
  • Os embargos de declaração não têm o poder de
  •  reverter a condenação
  • Este recurso é usado apenas para esclarecer pontos
  •  da decisão judicial
  • A defesa deve entrar com embargos de declaração até 
  • 2 dias após a publicação do acórdão
  • O recurso é julgado pela mesma 8ª Turma, e o trâmite
  •  costuma ser rápido
Embargos infringentes (2 a 1 pela condenação):
  • Os embargos infringentes podem reverter a condenação
  • Esse tipo de recurso é usado quando a decisão não é 
  • unânime no julgamento da apelação, ou seja, quando 
  • há divergência entre os votos dos desembargadores
  • A defesa deve entrar com embargos infringentes até 
  • 10 dias após a publicação do acórdão
  • O recurso é julgado pela 4ª Seção do TRF-4, formada
  •  pelos integrantes da 7ª e da 8ª Turmas (seis desem-
  • bargadores no total)
Após essas etapas, a defesa de Lula ainda poderá re-
correr ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo
 Tribunal Federal (STF).

O que ocorre em caso de absolvição?

Se o TRF-4 derrubar a sentença de Moro e absolver Lula,
 o MPF poderá, eventualmente, recorrer aos tribunais
 superiores em Brasília.
O MPF também poderá recorrer com embargos de
 declaração no próprio TRF-4.

Lula poderá ser preso logo após o julgamento?

Não. O TRF-4 e o MPF já anunciaram que só haverá 
prisão quando todas as possibilidades de recurso se 
esgotarem no tribunal. 

Se Lula for condenado, quais são as 

consequências para uma eventual

 candidatura?

Se todas as possibilidades de recurso se esgotarem
 no TRF-4 e a condenação for mantida pelo tribunal,
 Lula poderá ter o registro de sua candidatura negado 
pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei 
da Ficha Limpa, que prevê que condenados em segunda 
instância não podem se candidatar.
Há, no entanto, uma exceção prevista na própria lei: o 
condenado pode tentar obter uma liminar (decisão 
provisória) no STJ ou no STF para suspender a 
condenação e garantir o registro de sua candidatura.
O processo, nesse caso, teria prioridade nos tribunais
 superiores, para acelerar uma decisão definitiva.

Além de Lula, quais outros réus no caso

 do triplex terão recursos julgados no TRF-4?

Há outros dois réus que recorrem no mesmo processo:
 o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, condenado em 
primeira instância a 10 anos e 8 meses de prisão; e o 
ex-diretor da área internacional da OAS, Agenor Franklin 
Magalhães Medeiros, condenado a 6 anos.
Paulo Okamotto, ex-presidente do Instituto Lula, foi absolvido
 em primeira instância, mas a defesa solicita a troca dos
 fundamentos da sentença.
O MPF, por sua vez, recorre das absolvições de três
 executivos da OAS: Paulo Roberto Gordilho, Roberto 
Moreira Ferreira e Fábio Hori Yonamine.  G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário