Uma denúncia de um empresário ao Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que disse ter sido alvo da
suposta organização criminosa investigada na Operação Zona
Residencial 3 (ZR3), de Londrina, no norte do Paraná, aponta
que o vereador Mário Takahashi (PV) pediu R$ 1 milhão de propina.
O dinheiro, conforme a denúncia, era uma condição para a aprovação
de um projeto de lei que alteraria o zoneamento das terras do
empresário de industrial para residencial. Ele afirmou que foi alvo
da suposta organização em 2017, mas que em 2013 já havia se
encontrado com o vereador.
O empresário também disse ao Ministério Público do Paraná (MP-PR)
que não aceitou a proposta de Takahashi. Em 2014, ele contou
que tentou apresentar um pedido por conta própria na Câmara de
Londrina, que foi negado pelo Legislativo.
"Posso afirmar que esseagentes
públicos que já foram identificados
estão, sim, envolvidos até o
pescoço",
afirmou o promotor Jorge
Barreto.
Operação
Na investigação, o MP-PR relata a descoberta da estrutura de
uma organização criminosa integrada, em sua cúpula, pelos
vereadores Mário Takahashi e Rony Alves (PTB).
Para a promotoria, a estrutura criminosa contava, ao menos, com
três membros do Conselho Municipal da Cidade (CMC) de Londrina:
os investigados Ignês Dequech, Cleuber Moraes e Luiz Guilherme
Alho, apontado como principal interlocutor entre o CMC, a Câmara e
os suspeitos.
Um dos encontros entre os vereadores e Alho foi registrado por policiais
do Gaeco em um restaurente próximo ao prédio do Legislativo.
Conforme o MP-PR, "a triangulação da organização criminosa em
órgãos públicos se completa com a atuação do servidor público
Ossamu Kaminagakura, lotado na Secretaria de Obras da Prefeitura
de Londrina e responsável pela concessão de pareceres (no caso,
favoráveis) em processos que visam a implantação de loteamentos".
O que dizem os citados
A defesa de Rony Alves contestou as afirmações apresentadas
pelo Gaeco e disse que, apesar de apontar o vereador como integrante
da cúpula de uma organização criminosa, o MP-PR não consegue
indicar nas investigações um local, atitude, documento ou procedimento
ilícito que caracterize o cometimento de crime por parte do vereador.
Procurada, a defesa de Luiz Guilherme Christino Alho da Silva disse
que não há provas apresentadas pelo MP-PR, e que mesmo nas
transcrições das gravações presentes nos documentos do Gaeco
o empresário afirma que não compactua com o pagamento de propina.
A reportagem não conseguiu contato neste sábado com a defesa
do ex-secretário municipal Cleuber Moraes Brito. Anteriormente, a
defesa negou o envolvimento dele nas denúncias e disse que vai
provar a inocência do cliente.
A defesa de Ossamu Kaminagakura, que não foi encontrada neste
sábado, já tinha dito que não iria se pronunciar sobre as investigações
do Gaeco.
A ex-presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano
de Londrina (IPPUL), Ignês Dequech, não atendeu as ligações.G1
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