A presidente Dilma Rousseff criticou nesta quarta-feira, 01, a decisão
do Senado, em votação na noite desta terça-feira, 30, de aprovar
reajuste salarial de até 78% entre 2015 e 2017 para os servidores do
Poder Judiciário. "Achamos lamentável, porque é insustentável um País
como o nosso, em qualquer circunstância, dar níveis de aumento tão
elevados", criticou a presidente, que está em viagem oficial aos Estados
Unidos. Segundo ela, tal nível de reajuste "de fato, compromete o
ajuste fiscal".
A presidente, entretanto, não disse se irá vetar o aumento
salarial ao Judiciário. "Não discuto veto antes da hora", afirmou a
presidente.
Em seguida, porém, Dilma fez elogios ao Congresso e agradeceu
que parte expressiva do ajuste fiscal já foi aprovada. "Não chamaria de
desafio, porque faz parte da democracia", disse a presidente.
A presidente lembrou que ontem, ao mesmo tempo que o Senado
aprovou o reajuste para o Judiciário (assunto negativo para o governo), a
Câmara rejeitou a proposta de reduzir de 18 ara 16 anos a maioridade
penal para alguns tipos de crimes (seguindo posição defendida pelo
Planalto). "O Congresso, como democracia, é assim. Tem dia que você
ganha. Tem dia que você perde", argumentou a presidente.
Diante desse cenário de pluralidade de discussões e opiniões que
surgem dentro do Legislativo, Dilma disse que não há mal-estar nas
relações do Planalto com o Congresso. "Acho que tem hora que vocês criam
um clima que não existe", disse.
Lula
A presidente também minimizou críticas realizadas recentemente
pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O meu querido presidente
Lula tem todo direito de fazer as críticas que ele quiser, especialmente
a mim. E eu sempre encontro com ele, mas não tenho nada marcado por
agora", afirmou. Lula, há pouco tempo, criticou o modo como Dilma está
conduzindo a articulação do ajuste fiscal no Congresso.
Dilma não quis comentar os resultados da pesquisa CNI-Ibope
divulgada nesta quarta-feira. "Não comento pesquisa, nem quando sobe,
nem quando desce", comentou a presidente.
A avaliação negativa do governo da presidente Dilma Rousseff, de
68% dos entrevistados, é a pior da série histórica do levantamento
feito pelo Ibope divulgado hoje pela Confederação Nacional da Indústria
(CNI). O porcentual daqueles que avaliam como ruim ou péssimo o governo
bateu o recorde nos 29 anos dos dados compilados pela pesquisa e
ultrapassou a marca negativa do então presidente José Sarney em julho de
1989.
Por outro lado, a avaliação positiva do governo de Dilma, de 9%,
só não foi pior à registrada por Sarney em sondagens realizadas em
junho e em julho de 1989. Na ocasião, Sarney tinha 7% de avaliação ótima
ou boa dos entrevistados.
O levantamento foi realizado entre 18 e 21 do mês passado, antes
da divulgação do conteúdo da delação premiada de Ricardo Pessoa, dono
da empreiteira UTC. Foram ouvidas 2.002 pessoas em 141 municípios. A
margem de erro máxima é de dois pontos porcentuais e o grau de confiança
é de 95%.
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