Gustavo Carneiro /Equipe Folha
Souza está preso desde janeiro, quando foi flagrado em um motel na companhia de uma adolescente de 15 anos
Ferreira lembrou que os dados do pendrive integram uma espécie de "prestação de contas" de Souza da época na qual ele era inspetor regional de fiscalização da Receita. "O dispositivo continha todas as cifras angariadas por meio do esquema de corrupção e, também, todos os envolvidos nisso, entre auditores, empresas, advogados e contadores", explicou o advogado, reiterando que cerca de R$ 5 milhões foram recolhidos pelos auditores com as empresas durante o período em que o cliente dele ocupou o cargo de inspetor, entre agosto do ano passado e janeiro deste ano. "É o valor levantado até agora, mas a cifra pode sofrer variação conforme o andamento das investigações", completou.
O advogado contou, ainda, que o seu cliente prestou, durante o depoimento, declarações específicas sobre um "determinado auditor que não tinha sido sequer mencionado durante todo esse tempo". "É uma pessoa que tem muita importância", afirmou. Outros pontos levantados na oitiva, conforme Ferreira, envolvem empresas que teriam pagado propina aos auditores em troca da liberação de créditos fiscais, e o valor do patrimônio dos fiscais já identificados. "Foram citados novos nomes e identificadas novas empresas que, inclusive, são importantíssimas para o cenário local e integram setores diversos, como a indústria e o comércio", citou.
Na avaliação do defensor, o MP ganhou um "leque de fatos assustador" para ser investigado.
Postos fiscais
Segundo o advogado, Souza também falou sobre a utilização dos postos da Receita Estadual, extintos no Paraná no ano de 2009, pela organização criminosa. "A corrupção era absolutamente generalizada nesses postos", destacou o advogado.
Em depoimento, o delator contou que os auditores disputavam o plantão de domingo dos postos fiscais da região de Londrina com o objetivo de intermediar a passagem de mercadorias de determinadas empresas pelos locais. "Era um negócio altamente lucrativo para os fiscais, que cobravam propina para liberar os produtos", ressaltou.
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