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segunda-feira, 27 de julho de 2015

DELATOR DA PUBLICANO REVELA NOMES DE MAIS 35 EMPRESAS

O auditor fiscal Luiz Antônio de Souza, suspeito de participar do esquema de cobrança de propina descoberto dentro da Receita Estadual em Londrina, prestou um longo depoimento ao Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na sexta-feira (24). "Ele chegou às 8h e só foi embora às 20h. O depoimento foi lavrado em mais de 60 laudas", contou o advogado de Souza, Eduardo Duarte Ferreira, em entrevista ao Bonde neste domingo (26). Conforme o defensor, todos os dados de um pendrive apreendido pelo Ministério Público (MP) durante a Operação Publicano foram "traduzidos" pelo auditor, que fechou um acordo de delação premiada com o MP em maio e, desde então, vem colaborando com as investigações. "Absolutamento tudo foi transcrito, inclusive fatos que, até então, não haviam sido revelados", disse, destacando que das cerca de 70 empresas "identificadas", pelo menos 35 ainda não eram conhecidas pelos promotores. "Mais da metade das empresas relacionadas no pendrive não foram objeto de ação penal, o que indica que o Ministério Público tem um grande trabalho pela frente", destacou. 

Gustavo Carneiro /Equipe Folha
Gustavo Carneiro /Equipe Folha - Souza está preso desde janeiro, quando foi flagrado em um motel na companhia de uma adolescente de 15 anos
Souza está preso desde janeiro, quando foi flagrado em um motel na companhia de uma adolescente de 15 anos


Ferreira lembrou que os dados do pendrive integram uma espécie de "prestação de contas" de Souza da época na qual ele era inspetor regional de fiscalização da Receita. "O dispositivo continha todas as cifras angariadas por meio do esquema de corrupção e, também, todos os envolvidos nisso, entre auditores, empresas, advogados e contadores", explicou o advogado, reiterando que cerca de R$ 5 milhões foram recolhidos pelos auditores com as empresas durante o período em que o cliente dele ocupou o cargo de inspetor, entre agosto do ano passado e janeiro deste ano. "É o valor levantado até agora, mas a cifra pode sofrer variação conforme o andamento das investigações", completou. 

O advogado contou, ainda, que o seu cliente prestou, durante o depoimento, declarações específicas sobre um "determinado auditor que não tinha sido sequer mencionado durante todo esse tempo". "É uma pessoa que tem muita importância", afirmou. Outros pontos levantados na oitiva, conforme Ferreira, envolvem empresas que teriam pagado propina aos auditores em troca da liberação de créditos fiscais, e o valor do patrimônio dos fiscais já identificados. "Foram citados novos nomes e identificadas novas empresas que, inclusive, são importantíssimas para o cenário local e integram setores diversos, como a indústria e o comércio", citou. 

Na avaliação do defensor, o MP ganhou um "leque de fatos assustador" para ser investigado. 

Postos fiscais 

Segundo o advogado, Souza também falou sobre a utilização dos postos da Receita Estadual, extintos no Paraná no ano de 2009, pela organização criminosa. "A corrupção era absolutamente generalizada nesses postos", destacou o advogado. 

Em depoimento, o delator contou que os auditores disputavam o plantão de domingo dos postos fiscais da região de Londrina com o objetivo de intermediar a passagem de mercadorias de determinadas empresas pelos locais. "Era um negócio altamente lucrativo para os fiscais, que cobravam propina para liberar os produtos", ressaltou.

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