A nova proposta de reajuste salarial do Governo do Paraná foi repassada
ao funcionalismo no início da tarde desta quarta-feira (27). O poder
público diminuiu de 5% para 3,45% a reposição oferecida e, em
contrapartida, se comprometeu a antecipar a data-base do próximo ano,
estimada em 8,5%, de maio para janeiro. "Na nossa avaliação, a proposta é
mais uma afronta aos servidores", destacou o secretário de Comunicação
do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública no Paraná
(APP-Sindicato), Luiz Fernando Rodrigues.
De
acordo com ele, a proposta foi comunicada ao sindicato, via telefone,
pelo líder do governador Beto Richa (PSDB) na Assembleia Legislativa do
Paraná (Alep), deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB). O comando de
greve pretende discutir o novo índice em reunião marcada para a manhã
desta quinta-feira (28).
Rodrigues lembrou que o reajuste reivindicado pelo
funcionalismo, de 8,17%, serviria apenas para repor as perdas da
inflação, e lembrou que o índice oferecido, de 3,45%, ainda virá
parcelado em três vezes, entre os meses de setembro, outubro e novembro.
"O governo não quer encerrar a greve", disparou o secretário.
Já o Governo do Estado argumenta que conseguirá quitar as perdas
da inflação reivindicadas atualmente só no primeiro mês de 2016,
justamente por conta da antecipação da data-base. Segundo o poder
público, os funcionários receberiam 12,12% de reajuste salarial entre
setembro e janeiro.
Economia
Pelos cálculos do sindicato, o governo deixará de pagar R$ 597
milhões ao funcionalismo neste ano caso conceda a ele apenas o reajuste
oferecido. Uma economia que será feita, conforme o sindicalista, "nas
costas dos servidores". "Cada funcionário acumulará uma perda de até
meio salário ao final do ano. Uma professora que ganha R$ 1,3 mil
mensais, por exemplo, terminará 2015 com até menos R$ 650 em sua conta",
completou Rodrigues.
O Governo do Paraná alega que não tem dinheiro em caixa para
repor os salários dos servidores em 8,17%. No entanto, a APP levantou
que a arrecadação do Estado aumentou em 15% no último ano. "O poder
público também aumentou repasses aos outros poderes, sequestrou a nossa
previdência e elevou impostos como o IPVA e o ICMS", listou o
sindicalista.
Já sobre a possível antecipação da data-base do próximo ano,
Rodrigues foi taxativo: "Se o governo não repôs a inflação agora, como
vai conseguir antecipá-la no próximo ano? Não dá mais para confiar nas
promessas do governador".
Pressão
A Assembleia Legislativa recebeu, no início da sessão desta
quarta-feira, um projeto do governo que prevê a antecipação da data-base
do funcionalismo de maio para janeiro. Luiz Fernando Rodrigues afirmou
que os professores pretendem ir até a Alep pressionar os deputados pela
rejeição do referido projeto e da proposta de apenas 3,45% de reposição
salarial. Alguns dos parlamentares governistas já chegaram a declarar
que são a favor do reajuste de 8,17% ao funcionalismo.
O sindicalista também criticou o fato de o governador não ter
discutido a nova proposta com os servidores. "O governo não dialogou
novamente e não nos chamou para nenhuma reunião. Ouviu apenas
secretários e os deputados da base aliada para chegar a uma proposta que
não atende minimamente o que nós queremos", destacou.
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