A Polícia Federal reuniu elementos para apontar que o prejuízo gerado
para a Petrobras pelo esquema de cartel, fraudes em licitações, desvios e
corrupção alvos da Operação Lava Jato pode chegar a 20% do valor dos
contratos. O porcentual é muito superior aos 3% referentes às propinas
confessadas por delatores. Segundo a PF, o rombo no caixa da estatal
petrolífera já chega a R$ 19 bilhões.
O delegado da Lava Jato afirmou que essa coleta de elementos
"pode levar um prejuízo à Petrobras em seus contratos da ordem de 15% a
20%".
"Laudos de nossos peritos da área contábil e de engenharia que
devem ser divulgados em breve derrubam a tese de que a corrupção nesses
contratos era em torno de 2% a 3%. Provavelmente vamos chegar em
patamares de 15% a 20% do valor dos contratos", afirmou o delegado da
Polícia Federal Igor Romário de Paula, nesta quinta-feira, 2.
A Lava Jato aponta até o momento um prejuízo de pelo menos R$
6,2 bilhões para a Petrobras, valor reconhecido pela estatal em seu
balanço.
"Aquele número do balanço da Petrobras é válido, mas
conservador. Não temos dúvida de que os prejuízos são maiores que os R$ 6
bilhões lançados no balanço. Mas é quase impossível fazer essa
mensuração porque há uma série de efeitos em toda a cadeia de
licitação", afirmou o procurador da República Carlos Fernando Lima, da
força-tarefa da Lava Jato.
Os procuradores da força-tarefa esperam recuperar
espontaneamente R$ 1 bilhão até o fim deste ano, segundo avaliação de
Carlos Lima. Até o momento já retornaram aos cofres públicos R$ 700
milhões - incluindo valores devolvidos pelos réus confessos.
O delegado Igor Romário explicou que peritos federais incluíram
nos cálculos em fase final "não apenas porcentuais destinados a
pagamentos de agentes públicos e políticos". "Mas também prejuízos
causados em favor das empresas contratadas através do sobrepreço dos
contratos, seja por jogo de planilha, seja por inserção de despesas
desnecessárias."
Igor Romário de Paula explicou que os porcentuais de até 3%
comunicados até aqui nas operações da Lava Jato tinham por base a
informação dos delatores.
"Só que esses laudos que estão sendo concluídos estão
considerando não só a corrupção destinada aos agentes públicos. Estão
embutidos aí superfaturamento, jogo de planilhas, montagem de projetos
destinados a favorecer as empresas."
O levantamento em análise concentra alguns contratos investigados.
O delegado da Lava Jato afirmou que assim que o laudo for
concluído poderá ser melhor detalhado como as empresas recebiam
pagamento superior ao que era justificado para o contrato.
As denúncias envolvendo sobrepreço e fraudes em licitações ainda
não integram o rol de acusações dos primeiros processos da Lava Jato. O
Ministério Público Federal tem priorizado a divisão dos crimes em
denúncias distintas e concentrou as primeiras etapas nos crimes de
corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
"Temos a impressão que nunca chegaremos a um número fechado. E,
infelizmente, nunca vamos recuperar um número próximo a esse valor",
afirmou Igor Romário.
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