O presidente da Petrobras, Pedro Parente, pediu demissão
na manhã desta sexta-feira (1º).
Parente ficou exatamente dois anos no comando da Petrobras,
já que tomou posse no dia 1º de junho de 2016.
De acordo com comunicado da estatal, enviado ao mercado, a
nomeação de um CEO interino será examinada ao longo do dia
pelo Conselho de Administração. Ainda de acordo com o
comunicado, a diretoria executiva da companhia não sofrerá
qualquer alteração.
Leia a carta de demissão enviada por Parente ao presidente
Michel Temer:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Quando Vossa Excelência me estendeu o honroso convite para
ser presidente da Petrobras, conversamos longamente sobre a
minha visão de como poderia trabalhar para recuperar a empresa,
que passava por graves dificuldades, sem aportes de capital do
Tesouro, que na ocasião se mencionava ser indispensável e da
ordem de dezenas de bilhões de reais. Vossa Excelência concordou
inteiramente com a minha visão e me concedeu a autonomia
necessária para levar a cabo tão difícil missão.
Durante o período em que fui presidente da empresa, contei
com o pleno apoio de seu Conselho. A trajetória da Petrobras
nesse período foi acompanhada de perto pela imprensa, pela
opinião pública, e por seus investidores e acionistas. Os resultados
obtidos revelam o acerto do conjunto das medidas que adotamos,
que vão muito além da política de preços.
Faço um julgamento sereno de meu desempenho, e me sinto
autorizado a dizer que o que prometi, foi entregue, graças ao
trabalho abnegado de um time de executivos, gerentes e o
apoio de uma grande parte da força de trabalho da empresa,
sempre, repito, com o decidido apoio de seu Conselho.
A Petrobras é hoje uma empresa com reputação recuperada,
indicadores de segurança em linha com as melhores empresas
do setor, resultados financeiros muito positivos, como demonstrado
pelo último resultado divulgado, dívida em franca trajetória de
redução e um planejamento estratégico que tem se mostrado
capaz de fazer a empresa investir de forma responsável e
duradoura, gerando empregos e riqueza para o nosso país.
E isso tudo sem qualquer aporte de capital do Tesouro Nacional,
conforme nossa conversa inicial. Me parece, assim, que as
bases de uma trajetória virtuosa para a Petrobras estão lançadas.
A greve dos caminhoneiros e suas graves consequências
para a vida do País desencadearam um intenso e por vezes
emocional debate sobre as origens dessa crise e colocaram a
política de preços da Petrobras sob intenso questionamento.
Poucos conseguem enxergar que ela reflete choques que
alcançaram a economia global, com seus efeitos no País.
Movimentos na cotação do petróleo e do câmbio elevaram
os preços dos derivados, magnificaram as distorções de tributação
no setor e levaram o governo a buscar alternativas para a
solução da greve, definindo-se pela concessão de subvenção
ao consumidor de diesel.
Tenho refletido muito sobre tudo o que aconteceu. Está claro
, Sr. Presidente, que novas discussões serão necessárias. E,
diante deste quadro fica claro que a minha permanência na
presidencia da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir
para a construção das alternativas que o governo tem pela
frente. Sempre procurei demonstrar, em minha trajetória na
vida pública que, acima de tudo, meu compromisso é com o
bem público. Não tenho qualquer apego a cargos ou posições
e não serei um empecilho para que essas alternativas sejam
discutidas.
Sendo assim, por meio desta carta, apresento meu pedido de
demissão do cargo de Presidente da Petrobras, em caráter
irrevogável e irretratável. Coloco-me à disposição para fazer a
transição pelo período necessário para aquele que vier a me
substituir.
Vossa Excelência tem sido impecável na visão de gestão
profissional da Petrobras. Permita-me, Sr. Presidente, registrar
a minha sugestão de que, para continuar com essa histórica
contribuição para a empresa — que foi nesse período gerida sem
qualquer interferência política — Vossa Excelência se apoie nas
regras corporativas, que tanto foram aperfeiçoadas nesses dois
anos, e na contribuição do Conselho de Administração para a
escolha do novo presidente da Petrobras.
A poucos brasileiros foi dada a honra de presidir a Petrobras.
Tenho plena consciência disso e sou muito grato a que, por um
período de dois anos, essa honra única me tenha sido conferida
por Vossa Excelência.
Quero finalmente registrar o meu agradecimento ao Conselho
de Administração, meus colegas da Diretoria Executiva, minha
equipe de apoio direto, os demais gestores da empresa e toda
força de trabalho que fazem a Petrobras ser a grande empresa
que é, orgulho de todos os brasileiros.
Respeitosamente,
Pedro Parente
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