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quinta-feira, 2 de abril de 2015

SAIBA MAIS SOBRE AS INVESTIGAÇÕES DO GAECO SOBRE RECEITA ESTADUAL EM LONDRINA E CURITIBA

Desde 2014, inicialmente em sigilo total, o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Londrina iniciou investigações sobre o alto escalão da Receita Estadual em Londrina e na capital, Curitiba.
Paralelamente, os fatos descobertos também serviram para abrir uma linha de investigação sobre a exploração sexual de adolescentes na cidade, iniciada em janeiro de 2015, com envolvimento de parte dos mesmos funcionários públicos investigados.
Mais recentemente, por último, o Gaeco também trouxe à tona a investigação – cujos alvos já foram denunciados criminalmente à Justiça de Londrina - sobre a contratação de uma oficina de Cambé para manutenção de carros de órgãos públicos do Estado em Londrina e região.Neste momento, aparece a figura de Luís Abi Antoun, primo do governador Beto Richa, também apontado por envolvimento com auditores da Receita e indicado em delação premiada pelo ex-assessor Marcelo “Tchello” Caramori como arrecadador de campanha. Abi também era citado por envolvidos nos casos como “o Cara”, "Chefe", "o Amigo", mas nunca teve cargo no governo do Paraná, apesar de circular livremente pelosbastidores políticos.
Como em alguns pontos as três linhas de investigações se tangenciam e envolvem dezenas de suspeitos, o JL fez um resumo para o leitor não se perder no emaranhado que envolve somas milionárias de dinheiro público supostamente desviados, uma rede de programas sexuais e pessoas bastante próximas ao governador e ao PSDB. Entenda:
1 - Operação Publicano
O que significa: na Bíblia, os publicanos eram os responsáveis pela arrecadação de impostos e tributos durante o Império Romano. Com o passar do tempo, o termo publicano passou a designar cobradores ilegais que, usando o poder a eles conferido, enriquecem de forma ilícita.
Objeto: rede de propina envolvendo fiscais e funcionários da Receita Estadual de Londrina e alto escalão do órgão em Curitiba, apontados por enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro. Segundo as apurações, empresários confessaram pagamentos de mais de R$ 200 mil em subornos para bloquear cobranças milionárias em impostos estaduais, como o ICMS.
Tempo de investigação: 9 meses
Envolvidos: 31 investigados, 28 indiciados. Entre eles, 12 funcionários e fiscais da Receita Estadual de Londrina – 10 deles presos na Penitenciária Estadual de Londrina (PEL 2); e ainda inspetor geral da Receita Estadual em Curitiba e ex-delegado do órgão em Londrina, Márcio de Albuquerque Lima, co-piloto de equipe de corrida do governador Beto Richa; empresários, empresas “laranjas” para recebimento de propina, contadores, um policial civil e testas de ferro do esquema.
Presos: Cinco empresários e dois contadores foram libertados após assinarem delação premiada, confessando participação nos esquemas. Além dos 10 auditores encarcerados, permanece preso o empresário do setor de combustíveis Paulo Midauar, de Cornélio Procópio, articulador do PSDB e responsável pela nomeação de cargos na estrutura do governo do Estado naquela região.
Foragidos: ex-inspetor da Receita, Márcio de Albuquerque Lima e auditor Miguel Arcanjo Dias.
Buscas e apreensões: em mais de 30 locais, incluindo a sede da Receita Estadual em Londrina, empresas (em uma delas foram apreendidos quase R$ 300 mil em dinheiro, já devolvidos por ordem judicial), escritórios de contabilidade, prédios e condomínios de luxo onde moram envolvidos em Curitiba, Londrina, Ibiporã, Bandeirantes, Maringá, Campina Grande do Sul, Alvorada do Sul. E ainda nos estados de São Paulo (Palmital) e Rio de Janeiro (capital e Angra dos Reis)
Bens sob suspeita: patrimônio de R$ 30 milhões em fazendas pertencentes a um dos auditores investigados e presos; um iate ancorado em Angra dos Reis, um apartamento em área nobre no Rio de Janeiro
Condução coercitiva: Ao menos 15 testemunhas conduzidas para prestarem depoimentos sob ordem judicial
2 - Operação Voldemort
O que significa: Personagem da série Harry Potter, Voldemort traduz o medo provocado por “aquele-que-não-deve-ser-nomeado”. É o bruxo das trevas, poderoso e temido até pelos seguidores do mal.
Objeto: suspeitas de tráfico de influência, superfaturamento e fraude na escolha de oficina para contrato emergencial de R$ 1,5 milhão de manutenção de carros de órgãos públicos do governo do Estado em Londrina e região. Serviço estava sob responsabilidade da oficina Providence, de Cambé, empresa que o Gaeco garante pertencer a laranjas do primo do governador Beto Richa, Luiz Abi Antoun.
Tempo de investigação: 4 meses
Envolvidos: sete já são réus após a Justiça Criminal de Londrina abrir uma ação criminal proposta pelo Ministério Público/Gaeco sobre o caso. Implicados, Luiz Abi, parente do governador Beto Richa, considerado como líder do esquema; Ernani Delicato, ex-diretor do Departamento de Transportes (Deto) do Governo do Paraná, responsável pelo processo de contratação da Providence; José Carlos Lucca (advogado de Abi), dois empresários qualificados como “laranjas” do primo do governador, um policial militar e Paulo Roberto Midauar, empresário.
Presos: até o momento, apenas o empresário Paulo Midauar, ligado ao PSDB.
Foragido: Ernani Delicato, ex-diretor do Deto
Buscas e apreensões: 13 mandados de busca e apreensão cumpridos em oficinas, escritório de advocacia e residências de envolvidos em Londrina e Cambé
Condução coercitiva: 15 mandados para testemunhas prestarem declarações
3 - Operação Contra exploração sexual
Objeto: envolvimento de agentes públicos e auditores da Receita Estadual de Londrina, donos de motéis, ex-agentes políticos e empresários da cidade em programas sexuais pagos com garotas de 13 a 17 anos, cujos encontros eram intermediados por aliciadoras
Tempo de investigação: 3 meses
Procedimentos e processos: 16 inquéritos policiais abertos; 11 concluídos, ao menos 15 processos criminais em curso
Vítimas: cerca de 20 crianças e adolescentes identificadas como vítimas de exploração sexual
Bens envolvidos: R$ 20 mil apreendidos com o primeiro auditor preso, Luís Antônio de Souza, detido em janeiro de 2015 em um motel com uma garota de 15 anos e preso até o momento
Presos: três auditores da Receita Estadual de Londrina, também implicados diretamente na Operação Publicanos, um policial civil, duas aliciadoras.
Foragidos: empresários Renato Maestri e José Elizeu da Silva
Libertados: fotógrafo Marcelo Tchello Caramori, ex-assessor da Casa Civil (assinou acordo de delação premiada) e ex-vereador Alvair de Souza (apresentou laudo psiquiátrico), duas aliciadoras.
Fontes: Promotoria, Gaeco, Justiça Criminal de Londrina....JL.

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