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segunda-feira, 2 de março de 2015

EX. DEPUTADO JOSÉ JANENE SEMPRE ESTEVE PERTO DO PODER

Algum dia entre maio e dezembro de 2005: o então deputado federal paranaense José Janene (PP) vai até a sede da Procuradoria da República do Paraná, no centro de Curitiba. Convencido pela então esposa, Stael Fernanda, e auxiliado pelo amigo, Alberto Youssef, ele contaria aos procuradores como funcionava o mensalão. “Estava tudo combinado: ele ia entregar todo mundo, o esquema todo. Aí ele chegou lá e achou que o procurador foi arrogante. Virou as costas, deu um ‘piti’ e saiu, foi embora”, conta Stael.Foi em Londrina que Janene passou de empresário do ramo da iluminação pública, que mantinha contratos com várias prefeituras da região, a político. Em 1988, o radialista Antônio Belinati procurava um financiador para sua campanha, alçando um segundo mandato de prefeito. “Foi um casamento perfeito. Um tinha o dinheiro e outro, a fala, mas a conta veio depois”, diz um político local. A “conta”, diz ele, viria em forma de indicações de confiança de Janene na Prefeitura para assegurar – e superfaturar – contratos com a administração pública.O episódio resume bem o perfil do empresário que ganhou visibilidade na política como pivô de um dos maiores casos de corrupção do País. “O Zé era assim: me ame ou me odeie”, diz Stael. “Ele se impunha pelo poder, pelo jeito de agir e era arrojado quando desviava dinheiro. Quem queria enriquecer se aproximava dele e ficava sob o guarda-chuva dele”, diz o promotor do Ministério Público Claudio Esteves, um dos primeiros a investigar as atividades ilícitas de Janene. “Vou ser curto e grosso: o Janene mandou no Brasil por mais de um ano”, conta um ex-funcionário, referindo-se ao período auge do político.
A primeira eleição
Dois anos depois, Janene já havia ampliado o leque de negócios ilícitos com a prefeitura de Londrina e municípios da região, com a ajuda dos irmãos, Faiçal e Assad. O empresário também era responsável por atrair outros empreendimentos para o esquema. Foi quando Janene resolveu disputar o primeiro cargo público: de deputado federal pelo PDT, mas chegou somente à primeira suplência.
Nas eleições municipais de 1992, Janene indicou seu irmão, Assad, para vice-prefeito de Londrina na chapa encabeçada pelo então vereador pelo PT, Eduardo Cheida, numa aliança vitoriosa. O irmão passa, então, a comandar a Sercomtel e, por meio dela, segundo fontes locais, Janene incrementa seu caixa de campanha para conquistar o almejado cargo de deputado federal. Já pelo PP, em 1994, com o aval de 44,5 mil eleitores, ele alcança seu objetivo e dá início a uma carreira política meteórica sem deixar de lado o perfil empresarial rígido – e individualista – com que tratava seus negócios.
Mesmo morando em Brasília, Janene manteve os laços pessoais e políticos com Londrina. Conforme conta a amiga e vizinha do político, Mimi Hakme, todas as semanas ele reunia amigos para jogar tranca até de madrugada. As partidas eram regadas a magníficos jantares que ele mesmo preparava. “Ele era um exímio chef de cozinha.”
O deputado também manteve suas ligações com o belinatismo. Da aliança, conforme Esteves, nasceu o esquema de desvio de dinheiro público da venda de ações da Sercomtel, em 1998. Para maquiar as ilegalidades, Janene atraía empresas para fazer licitações fraudulentas com a administração pública, principalmente com a Autarquia do Meio Ambiente (AMA) e a Companhia Municipal de Urbanização (Comurb).
Conforme o MP, o dinheiro retornava depois para engordar o caixa de campanhas eleitorais de diversos políticos da cidade, mas a fatia maior do bolo era de Janene e Belinati. Nomes ainda pouco conhecidos, como de André Vargas, Paulo Bernardo e do doleiro Alberto Youssef também apareceram entre os processados do caso AMA/Comurb. O caso se arrasta até hoje na Justiça, mas culminou na cassação de Belinati do cargo de prefeito de Londrina.JL.

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