Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) indiciou, nesta quinta-feira (26), 23 pessoas suspeitas de participarem de um esquema de cobrança e pagamento de propina descoberto pelo Ministério Público (MP) na Receita Estadual em Londrina. O indiciamento é resultado da Operação Publicano, que prendeu, no último dia 20, 19 pessoas em Londrina e em mais nove cidades do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. O delegado Ernandes Cezar Alves, designado para o inquérito relacionado ao esquema da Receita, corrigiu o número de indiciados de 24 para 23 no final da tarde. São acusados de participarem do esquema auditores fiscais, ex-delegados da Receita, empresários e até um policial civil.
De acordo com as investigações da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Londrina, os auditores cobravam propina dos empresários que deviam impostos estaduais. Os procurados pagavam a vantagem indevida em troca da sonegação fiscal, que era "protegida" pelos fiscais envolvidos no esquema dentro da Receita Estadual.
Estão envolvidos no esquema os ex-delegados da Receita José Luiz Favoretto e Dalton Lázaro Soares, os auditores Luiz Antônio de Souza, Marco Antônio Bueno e Rosângela Semprebom, os empresários Paulo Roberto Midauar e Stefan Ruthschilling, o policial civil André Santelli, entre outros. Favoretto e Souza também são investigados por participação em um esquema de exploração sexual de adolescentes em Londrina.
Alguns dos acusados prestaram depoimento na sede do MP nesta quinta-feira, entre eles Midauar, Rosângela, Favoretto e Souza.
Os nomes de todos os indiciados ainda não foram revelados pelo Gaeco. Eles devem responder por corrupção ativa e passiva, formação de organização criminosa e falsidade ideológica.
Entenda
A apuração do MP, iniciada há nove meses, aponta a existência de uma organização criminosa envolvida em corrupção ativa (dos empresários) e passiva (dos servidores da Receita Estadual). O esquema envolve ainda falsidade de documentos e lavagem de dinheiro. As investigações ainda não permitem estimar o montante do prejuízo causado pelo grupo aos cofres públicos.
Voldemort
O Gaeco já havia indiciado, na quarta-feira (25), sete pessoas por fraude na contratação emergencial da empresa Providence Auto Center, de Cambé, para fazer a manutenção da frota dos carros oficiais do governo no Norte do Estado.
O delegado Alan Flore concluiu o inquérito que aponta que o mentor da fraude seria o empresário Luiz Abi Antoun, presente nos bastidores da política paranaense e próximo ao governador Beto Richa (PSDB) – trata-se de um "parente distante", segundo o próprio chefe do Executivo –, que deu nome à operação: Voldemort, em referência ao bruxo das trevas, "aquele cujo nome não deve ser dito", da série Harry Potter.
(com informações da repórter Loriane Comeli, da Folha de Londrina)
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