A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, recorreu nesta
terça-feira (18) da decisão monocrática do ministro Gilmar
Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de soltar o ex-
governador do Paraná Beto Richa.
Richa foi solto na madrugada de sábado (15). Ele e outras 14
pessoas foram presas na última terça-feira (11), em operação
do Ministério Público estadual (MP-PR) que investiga crimes
em licitações para o reparo de estradas rurais do estado.
Dodge requereu ao ministro do STF que reveja a decisão de
soltar o ex-governador e que determine a remessa para "livre
distribuição", como pedido de habeas corpus. Caso ele não
entenda assim, pede que o recurso seja remetido para julgamento
do Pleno.
A procuradora-geral questionou o instrumento utilizado pela
defesa de Richa ao solicitar a soltura. "Sempre que um preso
temporariamente entendesse que sua prisão foi uma condução
coercitiva disfarçada, iria provocar o Relator da ADPF 444 [Gilmar
Mendes] a revisar o decreto prisional”, ponderou Dodge.
"Em outras palavras, caso a decisão agravada não seja revertida,
o Relator da ADPF 444 será, doravante, o revisor direto e universal
de todas as prisões temporárias do país", manifestou-se a
procuradora-geral.
A defesa de Beto Richa afirmou que não vai se manifestar sobre
o recurso da PGR.
MP estadual também recorre
O Ministério Público do Paraná também recorreu da decisão Gilmar
Mendes nesta terça-feira. O recurso de retratação do ministro e
reforma da decisão para que a prisão preventiva de Richa, decre-
tada em primeiro grau, seja restabelecida imediatamente.
Caso Gilmar não faça a retratação, o MP-PR pede que o recurso
seja submetido a Plenário, para que seja anulada a decisão de
Gilmar.
"Claramente, [Gilmar Mendes] fez um juízo antecipado e
depreciativo da atuação estatal que culminou na decisão que,
posteriormente, acabou por pessoalmente revogar. Pior: explicitou
seu pré-conceito e este foi aproveitado por quem nele tinha
interesse", justificou o MP no recurso.
Operação Rádio Patrulha
A operação do Gaeco que levou Richa à prisão, batizada de
"Rádio Patrulha', é sobre o programa do governo estadual
Patrulha do Campo, que faz a manutenção das estradas rurais.
De acordo com o MP-PR, apura-se o pagamento de propina
a agentes públicos, direcionamento de licitações de empresas,
lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça.
criminosa que fraudou uma licitação de mais de R$ 70 milhões
para manutenção de estradas rurais, em 2011.
A investigação aponta que o esquema criminoso funcionava
a partir do aluguel de máquinas da iniciativa privada.
Os promotores afirmam que o acordo com empresários
beneficiados pela licitação previa o pagamento de 8% a
agentes públicos, a título de propina, sobre o faturamento bruto.
Fernanda Richa, mulher de Beto, participava da lavagem de
dinheiro desviado no esquema, de acordo com o MP-PR.G1
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