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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

JOVEM PRESA POR ALICIAR IRMÃ MENOR DE IDADE FECHA CORDO COM GAECO DE DELAÇÃO

A irmã da garota de 15 anos flagrada em um motel com o auditor da Receita Estadual Luís Antônio de Souza, no começo de janeiro, vai formalizar, nesta segunda-feira (23), o acordo de delação premiada junto ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Por estar colaborando com as investigações a respeito dos casos de abuso sexual contra menores, a jovem de 19 anos – apontada como uma das aliciadoras - poderia sair do depoimento, marcado para o meio-dia, em liberdade provisória.
De acordo com a promotora Caroline Esteves, o acordo representa um benefício tanto para as investigações quanto para a acusada. “Para nós é um avanço significativo nas investigações, já que ela deve trazer novos nomes e novos fatos. Para ela, pode significar a liberdade”, disse.
O acordo, explicou a promotora, segue os mesmos moldes do proposto ao fotógrafo e ex-assessor do governador Beto Richa (PSDB) Marcelo “Tchello” Caramori. “No caso dele houve um descumprimento por quebra de acordo. Quando se faz uma delação, além dos fatos de outras pessoas, é imprescindível confessar os próprios atos ilícitos. E foi isso que ele não fez, deu nomes de outras pessoas, mas escondeu coisas que ele havia feito, e por isso foi preso de novo”, explicou Caroline.
As investigações continuam e novas prisões podem ser feitas com base na delação da aliciadora. A promotora não deu detalhes, porque o caso corre em segredo de Justiça, mas informou que o número de supostas vítimas e abusadores é grande. “São muitos casos, muitos envolvidos. Por isso precisamos avançar nas investigações por etapas, para podermos cobrir todas as pontas”, comentou.
Ganhos
As menores que alegam terem sido vítimas de Caramori, José Luiz Favoretto Pereira e Luís Antônio de Souza – ambos servidores da Receita Estadual –, e do investigador da Polícia Civil Jeferson Pereira dos Santos, foram contatadas pela aliciadora pela internet, explicou Caroline. Para tanto, a jovem recebia uma porcentagem dos valores pagos pelos programas.
“No caso da irmã o valor estimado era de R$ 2,5 mil pelo agenciamento. Nos outros casos o valor era menor, girando em torno de R$ 50, R$ 100 por menina. E os contatos eram feitos todos pelas redes sociais, começando com uma conversa inocente e evoluindo para o convite para os programas”, disse a promotora.
Entenda o caso
Os quatro agentes públicos detidos até o momento pelo Gaeco são investigados por favorecimento à prostituição de menores de 18 anos, crime considerado hediondo e com pena prevista de 4 até 10 anos de prisão e também por estupro de vulneráveis. A polícia e o Ministério Público apuram a existência de uma rede de prostituição. Se isso for confirmado, os suspeitos podem ser acusados de formar uma organização criminosa.
Embora os fatos descobertos conectem Caramori, o auditor preso e o ex-chefe da Receita também detido, não há detalhes sobre as circunstâncias da participação, no esquema, do policial civil Jefferson dos Santos. Assim como Favoretto, ele foi preso preventivamente no sábado (14) pelo Gaeco e removido para a carceragem da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), em Curitiba.
Ainda na manhã do dia 14, a Polícia Civil emitiu uma nota para a imprensa informando que o investigador foi imediatamente afastado das funções e que responderá a um processo administrativo disciplinar na Corregedoria Geral da Polícia Civil. “Ao fim deste processo, ele poderá inclusive ser demitido da Polícia Civil, se ficar comprovado seu envolvimento e se assim entender o Conselho da Polícia Civil, órgão máximo da instituição e que deverá julgar o caso”, explicou a nota.
Sem alarde, em 11 de fevereiro - três dias antes de ser preso - Favoretto foi exonerado do cargo de delegado da Receita Estadual. No decreto assinado pelo governador Beto Richa no Diário Oficial do Estado, a informação é de que ele deveria deixar o posto em 18 de fevereiro – mas acabou preso no sábado (14). O decreto não traz os motivos da exoneração.JL

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