Novos depoimentos do doleiro Alberto
Youssef detalham como, segundo o doleiro, o senador e ex-presidente da República
Fernando Collor de Mello (PTB-AL) recebeu propina de R$ 3 milhões resultante de
um negócio da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. As informações são do
jornal “Folha de S.Paulo”.
Youssef já havia contado, em depoimentos
à força-tarefa da Lava Jato em Curitiba colhidos entre outubro e novembro de
2014, que Collor recebia propina no esquema. Agora, em depoimentos à
Procuradoria-Geral da República, deu mais detalhes sobre a suposta participação
do ex-presidente no esquema de corrupção.
De acordo com Youssef, a propina veio de
um contrato (de 2012) no valor de R$ 300 milhões entre uma rede de postos de
combustíveis de São Paulo e a BR Distribuidora. O negócio era para que a rede
deixasse uma marca de combustíveis e passasse a integrar o grupo de revendedores
da BR Distribuidora.
“Em contratos regulares de troca de
marca, em geral a empresa distribuidora dá um incentivo para que o posto de
gasolina mude de bandeira. A ajuda serve para financiar obras e melhorias na
rede”, escreve o jornal nesta terça-feira.
Em 2012, foi numa operação assim que,
segundo Youssef, foi negociada a propina de 1% do total do contrato, o que
corresponde a R$ 3 milhões.
O valor, disse o doleiro, era destinado
a Collor e foi arrecadado nos postos, em dinheiro vivo, em três parcelas de R$ 1
milhão, e depois repassado a Pedro Paulo Leoni Ramos, empresário e consultor do
setor de energia _ emissário de Collor e de seu partido, o PTB.
PP, como Ramos é conhecido, é amigo do
senador desde a juventude. Foi ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos
em seu governo (1990-1992) e é dono de uma empresa de consultoria que também
fazia negócios com Youssef, a GPI Participações e Investimentos.
De acordo com Youssef _ que não detalhou
como a propina teria chegado a Collor e também não apontou nomes de diretores da
BR Distribuidora que estariam envolvidos no esquema — todos sabiam que Leoni era
emissário do senador.
Em outro depoimento aos procuradores,
Youssef disse que, em maio de 2013, mandou entregar R$ 50 mil em dinheiro vivo
no apartamento de Collor em São Paulo. O senador nega a acusação.
A entrega teria sido feita por um dos
emissários do doleiro, Rafael Ângulo Lopes, que também firmou acordo de delação
premiada com a força-tarefa da Lava Jato.
Collor é atualmente líder no Senado pelo
PTB. O partido tinha dois diretores na BR Distribuidora: José Zonis, na área de
Operações e Logística, e Luiz Claudio Caseira Sanches, na Diretoria de Rede de
Postos de Serviço, que permaneceram na estatal entre 2009 e 2013, relata a
reportagem da “Folha”, que apurou que Zonis foi uma indicação direta do senador;
já Sanches foi indicado pelo partido.
Ramos também é alvo de investigações da
força-tarefa da Lava Jato em razão do repasse de R$ 4,3 milhões que uma de suas
empresas fez à companhia MO Consultoria, de Youssef.
As autoridades também apuram negociações
feitas entre Ramos e Youssef ligadas ao setor elétrico e ao laboratório Labogen,
suspeito de integrar o esquema de fraudes do doleiro. Fonte Folha de S.Paulo.
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