Oito candidatas não eleitas para a Assembleia Legislativa do Paraná nas eleições de 2018 receberam pelo menos R$ 2 milhões dos seus partidos para a campanha. Os valores estão disponíveis no portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A candidata Eliana Fuzari (PSD), mesmo partido do governador Ratinho Junior, recebeu R$ 540 mil encaminhados pelo partido. Ela fez apenas 1,5 mil votos para deputada estadual, mesmo tendo investido o impressionante valor de R$ 405 mil em atividades de militância, segundo a prestação de contas.
Outro exemplo é a vereadora de Londrina, Daniele Ziober (PP), que recebeu do partido R$ 435 mil por meio do fundo partidário e do fundo especial. Ela fez 6,9 mil votos, bem longe de alcançar a vaga na Assembleia. Adriana Aguillera (PP), recebeu R$ 414 mil e fez 2,1 mil votos.
Apenas como comparação, o deputado do PP eleito com 60 mil votos, Gilberto Ribeiro, teve receita de R$ 119 mil do seu partido. Na prestação de contas, a principal atividade de campanha das mulheres que tiveram votação baixa foi gastos com pessoal. Daniele Ziober por exemplo, teve mais de R$ 200 mil em ‘gastos com pessoal’, que também foi o maior investimento de Adriana Aguillera (R$ 165 mil para atividades de militância)
Daniele Ziober disse que a doação dos partidos para as mulheres ocorre mais por obrigação legal do que por incentivo à participação feminina. A reportagem também tentou falar com o deputado federal e líder do PP no Paraná, Ricardo Barros, mas ele não atendeu as ligações.
O subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, Lucas Rocha Furtado, pediu fiscalização para apurar medidas e providências adotadas pela Justiça Eleitoral para coibir desvio de dinheiro público para candidaturas de mulheres que seriam “laranjas” nas eleições de 2018.
Conforme o procurador, há fortes indícios de desvio de recursos do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha em benefício de partidos e políticos. Na representação de cinco páginas, o procurador lembra que o Supremo determinou percentual mínimo de 30% dos valores nas candidaturas de mulheres, o que foi regulamentado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Furtado frisou que reportagens jornalísticas têm demonstrado o desvio da aplicação. Ele citou que ao jornal “Folha de S.Paulo” indicou que “potenciais laranjas” receberam R$ 15 milhões de verba pública de 14 partidos. Na avaliação do procurador, os casos sugerem que os partidos teriam lançado candidatas de pouca ou nenhuma expressão política para desviar dinheiro.
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