O ex-gerente industrial da BRF em Carambeí, nos Campos Gerais
do Paraná, Luiz Augusto Fossati, se entregou à Polícia Federal (PF),
em Curitiba, por volta das 8h desta terça-feira (6).
Ele foi o único dos 11 alvos de prisão temporária da 3ª fase da
tinha sido encontrado. Entre os presos, além do ex-gerente, também
está o ex-diretor-presidente global da BRF, Pedro de Andrade Faria.
“Ele vai se defender durante o depoimento, esclarecer tudo que lhe
incumbia. Ele nem sabe o que estão imputando a ele e alguns dos
acusados ele sequer conhece. Ele está bastante tranquilo”, disse
advogado de Fossati, Alexandre Knopfholz.
Nova fase
Nessa fase da operação, quatro unidades da BRF são investigadas:
em Carambeí (PR) e em Rio Verde (GO), que produzem frango;
em Mineiros (GO), que produz peru; e em Chapecó (SC), que produz
ração.
Segundo a PF e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa), essas quatro fábricas fraudavam laudos relacionados à
presença de salmonela em alimentos para exportação a 12 países
que exigem requisitos sanitários específicos de controle da bactéria
do tipo salmonela spp.
Em nota, a BRF afirma que segue normas de qualidade e que vai
colaborar com as investigações “para esclarecimento dos fatos”. A
empresa é dona de marcas como Sadia e Perdigão e é a maior
exportadora de carne de frango do mundo, com vendas em cerca
de 150 países.
Além de ex-executivos da BRF, o esquema envolveu funcionários
e técnicos de cinco laboratórios. Eles são suspeitos de preencher,
com dados fictícios, os laudos fornecidos ao Serviço de Inspeção
Federal (SIF/Mapa) a fim de driblar a fiscalização.
Por esse motivo, a operação foi batizada de Trapaça.
A suposta irregularidade foi denunciada pela ex-funcionária da BRF,
Adriana Marques de Carvalho, que já tinha ido à Justiça trabalhista
em poucas horas, segundo levantamento da provedora de informações
financeiras Economatica.
'Não há risco à saúde'
O coordenador-geral do Departamento de Inspeção de Produtos
de Origem Animal (Dipoa), do Mapa, Alexandre Campos Silva,
disse que, apesar da fraude, a produção de frangos para consumo
interno não foi afetada e que não há risco para a saúde pública.
Ele explicou que a bactéria salmonela apresenta mais de 2 mil
sorovares (variedades dentro da mesma espécie), mas apenas
dois oferecem risco à saúde pública (tifimurium e enteritidis) e
outros dois representam risco à saúde animal (pullorum e gallinarum).
“Não encontramos, até agora, nenhum problema que representasse
a presença ou a falsificação, a eventual fraude, desses dois
patógenos: tifimurium e enteritidis.”
Silva disse, contudo, que a operação está em andamento e que
novas medidas poderão ser tomadas.
“As investigações continuam. Elas tratam apenas da presença
da salmonella sp, que representa restrições comerciais a 12 destinos,
dos mais de 150 para onde exportamos”, afirmou. “Ressaltamos
que, se o Brasil exporta para mais de 150 países, é porque esses
países nos auditam", acrescentou. G1
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