O Paraná teve retração de 12,87% na arrecadação de tributos federais em
janeiro deste ano, na comparação com o mesmo mês de 2015, de acordo com
dados divulgados ontem pela Superintendência da 9ª Região da Receita
Federal. A variação foi ainda pior do que a queda de 6,71% do resultado
nacional. Conforme o órgão, o Estado sofreu mais com os baixos
desempenhos dos setores industriais e de serviços causados pela crise
econômica, o que tende a prejudicar os repasses de fundos de
participação em 2017, com base em números deste ano.
No Paraná, a receita foi de R$ 5,7 bilhões em janeiro, ante R$ 6,6
bilhões do mesmo período do ano passado. No País, o resultado foi o pior
para o mês desde 2011 ao ficar em R$ 129,3 bilhões, abaixo dos R$ 133,3
bilhões do período anterior. Os dados foram corrigidos pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O assessor do gabinete da Superintendência da 9ª Região da Receita,
Vergilio Concetta, afirma que o País conta com outros tipos de
arrecadação dos quais os estados não dispõem. "O Paraná teve uma queda
maior do que o Brasil na produção industrial e na venda de serviços
também, então isso leva a uma redução da arrecadação maior", diz.
As maiores diminuições estaduais na participação foram do Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI), negativo em 25,49%, e da
Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), com queda de 19,81%.
Maior fonte de receita nominal, a arrecadação previdenciária caiu 5,14%.
Somente o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que teve a
alíquota reajustada no ano passado, teve alta de 2,27%.
No caso do IPI, as maiores baixas no recolhimento foram nos
segmentos de bebidas (-39,88%) e de automóveis (-36,27%). Também foi
expressiva a redução nominal de 17,09% na receita dos principais
tributos relacionados à importação, diante de uma retração de 38,85% no
volume em dólar das mercadorias. Quando somados o Imposto de Renda de
Pessoas Jurídicas (IRPJ) e a CSLL, a queda foi de 32,16%.
Nacionalmente, os principais reflexos são da queda de 11,90% da
produção industrial, de 10,96% na venda de bens e serviços, de 37,82% no
valor em dólares das importações e de 0,8% na massa salarial nominal.
Ainda, a arrecadação do IRPJ e da CSLL recuaram 3,17%. Por outro lado, o
IOF registrou crescimento de 14,59%. O fim das desonerações na folha de
pagamento diminuiu as perdas na arrecadação previdenciária de janeiro,
já que a redução da massa salarial foi de 10,37% na comparação entre os
dois meses.
Para o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da
Receita Federal, Claudemir Malaquias, as pioras na economia e a forte
queda no nível de emprego em 2015 começaram a refletir na arrecadação.
"Com menos salários sendo pagos, há a influência no indicador da massa
salarial, no consumo e na arrecadação da Previdência, por exemplo", diz.
Dificuldade nas contas
O delegado em Londrina do
Conselho Regional de Economia (Corecon), Laércio Rodrigues de Oliveira,
afirma que o resultado se deve ao período recessivo pelo qual o País
passa, mas que causa preocupação para as contas públicas nacionais e
estaduais. "Janeiro é um mês atípico em arrecadação, mas, pelas
expectativas ruins para o ano, houve menor consumo e produção", explica.
Além do aumento do índice de desemprego, Oliveira diz que as
empresas não estão contratando. "Está cada vez mais evidente que não
será nesse primeiro semestre do ano que a economia começará a se
recuperar, porque o País ainda espera para ver o que ocorrerá
politicamente", conta. "Essa perda de arrecadação e o menor repasse para
estados e municípios preocupa também para o ano que vem", completa o
delegado do Corecon. (Com Agência Brasil)
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