Um homem foi preso na sexta-feira, 25, acusado de ter matado um jovem de
21 anos no bairro do Jabaquara, zona sul de São Paulo. O pintor Jorge
Luiz Morais de Oliveira, de 41 anos, teve a prisão temporária decretada
pela Justiça. O corpo de Carlos Neto Alves de Matos Júnior estava
enterrado em um dos cômodos da residência do pintor, na Rua Professor
Emydio de Fonseca Telles, e foi encontrado por policiais militares.
Oliveira confessou o crime, que ocorreu na noite de quarta-feira, 23. O
pintor responderá por homicídio doloso.
Na casa, havia manchas de sangue, além de uma faca e um soco
inglês. No local, foram encontrados ainda três cadáveres e ossadas de um
corpo humano. Os policiais foram informados do ocorrido por meio do
Centro de Operações da Polícia Militar (COPOM) e, no local, localizaram o
corpo enterrado. A mãe do acusado informou aos policiais ter visto o
filho e o jovem entrarem juntos no imóvel na noite de quarta-feira.
Segundo ela, por morar na frente da casa do filho, ouviu alguns
barulhos.
Na manhã de quinta-feira, Oliveira saiu da residência e não
voltou mais. A pedido dos policiais, a mãe e a irmã do acusado ligaram
para ele a fim de saber o que tinha acontecido. O pintor confessou ser
responsável pela morte do jovem e se entregou à polícia.
Por estar com ferimentos no braço e na perna direita, antes de
ser levado à delegacia, ele foi encaminhado ao hospital São Paulo, na
zona sul, onde foi medicado e liberado. Em depoimento, Oliveira disse
que o jovem havia entrado na sua casa com uma faca na mão e em companhia
de outro homem. Segundo o boletim de ocorrência, o pintor informou que
os dois começaram a discutir e Júnior o esfaqueou no braço. Oliveira
teria então conseguido tomar a faca do jovem e começou a golpeá-lo.
Ainda de acordo com o acusado, o comparsa fugiu no momento em que teve
início a briga.
Ao perceber que a vítima estava morta, o pintor disse que se
desesperou, decidiu enterrar o corpo e fugir. Foi solicitada a perícia
na residência do acusado e a polícia descobriu as ossadas de um corpo
humano, além de três cadáveres. A polícia solicitou ainda os exames ao
Instituto Médico Legal (IML). Todo o material encontrado na residência
do pintor foi apreendido. O caso foi registrado no. 35° Distrito
Policial (Jabaquara) e as informações complementares foram colhidas no
16°DP (Vila Clementino). Ao todo, foram quatro B.O.s.
Vizinhança
Segundo os vizinhos, que não quiseram se identificar, Júnior
morava na região, era surdo mudo e homossexual. Na vizinhança, Jorge já
passou a ser considerado um "serial killer homofóbico". A polícia não
confirma se essa hipótese está sendo investigada.
Os moradores da região desconfiam de motivação homofóbica porque
o pintor não disfarçava a raiva que sentia por homossexuais. "Ele vivia
falando de gays, que não gostava de gays, que odiava. Mas ele
conversava com todo mundo, brincava. Não parecia ser esse monstro que
é", disse uma vizinha.
"Ele matou a Paloma, que era sapatona, a Carioca, também
sapatona, e agora o Mudinho (Júnior), que era gay", afirmou outra
vizinha. Segundo ela, as vítimas Paloma e 'Carioca' também são
conhecidas da região e estavam desaparecidas há pelo menos sete meses.
Uma moradora contou que na quinta-feira passada, manhã seguinte
ao crime, cruzou com Jorge na rua e ele estava mancando. Ao perguntar
por que mancava, o pintor teria levado o dedo indicador à boca, pedindo
que ela ficasse quieta. Os vizinhos relataram ainda que a família do
pintor, que residia no mesmo terreno, mas em casas diferentes, precisou
sair de casa escoltada pela polícia, pois os moradores acusaram a mãe de
ser cúmplice dos crimes.
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