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domingo, 21 de junho de 2015
ANTONIO BELINATI MANTÉM A ROTINA QUE ELE CONHECE FAZER POLÍTICA APESAR DE ESTAR INELEGÍVEL
Inelegível e evitando o contato com a imprensa desde as eleições municipais de 2008, quando venceu, mas foi impedido de assumir pela Justiça Eleitoral, o ex-prefeito de Londrina, Antonio Belinati (PP), de 71 anos, mantém a rotina política e o contato com o eleitorado. Único candidato que conseguiu ser eleito para o Executivo municipal em quatro disputas e o primeiro a ter o mandato cassado e a ser preso por corrupção, o ex-radialista e ex-apresentador de TV vive com um salário de R$ 12,6 mil, bruto, como pensionista da Assembleia Legislativa (AL) do Paraná, onde exerceu discreto mandato de 2007 a 2010. Tem ainda uma aposentadoria por idade da Previdência Social, cujo valor não foi revelado.
Belinati, "que fala com facilidade a linguagem do povo", conforme classificam os mais próximos, não quis conceder entrevista, mas o advogado Antonio Carlos de Andrade Vianna, que defende a família (o ex-prefeito, a mulher dele, Emília, e os filhos Antonio Carlos, Cíntya e Simone) nas ações judiciais referentes ao caso AMA/Comurb, falou à FOLHA sobre a rotina do político londrinense, com a liberdade de quem possui décadas de convivência. "Belinati faz política todos os dias. Percorre a cidade, de manhã até a noite, visita eleitores, toma café, come bolo, vai pela periferia, sempre andando a pé. Isso faz parte da vida dele. Ele está inelegível, mas não importa, porque ele não faz isso com o objetivo de ganhar voto, faz porque gosta."
Embora uma nova disputa eleitoral esteja descartada, Belinati mantém as articulações e conseguiu emplacar o filho Antonio Carlos como diretor da Sanepar na primeira gestão do governo Beto Richa (PSDB), cargo ocupado até hoje. O deputado federal mais votado em Londrina, Marcelo Belinati (PP), é o atual representante da família com maior capital político na cidade. "A política em Londrina, até hoje, direta ou indiretamente, passa pela mão de Belinati. Políticos ainda vêm para cá para tentar obter o apoio, pois todo mundo sabe que o contingente eleitoral dele é muito grande."
Ainda assim, Belinati, acusado de ser o líder da suposta quadrilha que desviou mais de R$ 100 milhões da prefeitura, não é unanimidade e também desperta reações contrárias. Mesmo sendo uma referência para os candidatos que querem atingir os segmentos mais populares do eleitorado, o pepista é visto como símbolo de uma administração que ficou marcada pela corrupção. "(Candidatos) Têm medo de aparecer com ele na foto, mas vão lá pedir a benção pra ele, os locais e os de fora, até candidatos ao governo do Estado", revelou Vianna.
Dois imóveis de Belinati – a chácara no patrimônio Espirito Santo, onde mora, e uma casa na avenida Bandeirantes – estão bloqueados judicialmente por causa das ações de ressarcimento movidas pelo Ministério Público (MP) do Paraná, no caso AMA/Comurb. "Às vezes acontece o bloqueio da aposentadoria também, mas a gente mostra que é verba de subsistência e desbloqueia", informou Vianna. As ações criminais contra o ex-prefeito prescreveram em razão da idade.
A mulher de Belinati, Emília, vive em Curitiba desde que foi vice-governadora nas gestões de Jaime Lerner (1995-2002). Seu último cargo público foi a diretoria comercial da Sanepar, enquanto o filho disputava uma cadeira na AL.
Algum arrependimento?
Logo que venceu as eleições de 2008, antes de ter a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral, Belinati confidenciou ao advogado que "mudaria a estratégia" para administrar a cidade, sem detalhar como seria essa mudança. Vianna, contudo, afirma que não foi um confissão de arrependimento do político. "Ele tem uma característica: não reclama nem lamenta nada porque acha que, de uma forma ou de outra, tudo serve de lição. Se ele fosse prefeito de novo, quando ganhou pela quarta vez, ele comentava que mudaria a estratégia de administrar. Só isso, mas nunca botou a culpa em alguém."
Com essa estratégia, Belinati evita o atrito nas relações políticas. Vianna considera que "essa visão ninguém tem". O advogado lembrou da cassação, que teve o voto decisivo dado pelo então vereador Orlando Bonilha "e mesmo assim Belinati o procurou depois, retomaram a amizade".
Vianna, que atua em todos os processos envolvendo Belinati, considera que o caso londrinense trouxe avanços para todos os envolvidos. "Do ponto de vista jurídico, todos nós crescemos muito, advogados e promotores. No meu caso, acompanhar o Belinati foi muito enriquecedor, porque aprendi muito com ele, me ensinou muitas coisas de comportamento humano, onde ele é especialista." bonde.com
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