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quarta-feira, 29 de junho de 2016

GRUPO DE LONDRINA COM SEDE EM LONDRINA MOVIMENTAVA MAIS R$ 96 MILHÕES COM COCAÍNA

Deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (29), a conclusão da operação Quijarro desmantelou uma organização criminosa responsável pelo tráfico de duas toneladas de cocaína boliviana por mês. Sediada em Londrina, uma das quadrilhas investigadas tinha como função transportar parte da droga de Corumbá (MS) a Vinhedo (SP). De lá, o entorpecente era distribuído por São Paulo. No total, a PF cumpriu 81 mandados judiciais nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, sendo 12 de prisão preventiva - dois deles em Londrina, onde também foram apreendidos 30 pinos de cocaína. Duas pessoas estão foragidas, uma da capital paulista e outra de Presidente Prudente (SP). Os nomes dos detidos não foram divulgados. 

Chefe da operação, o delegado Elvis Aparecido Secco explicou a função do grupo fixado em Londrina. "Os integrantes desta quadrilha moravam nos estados abrangidos pela operação, mas o líder e seu principal comparsa viviam em Londrina e foram presos hoje. Também apreendemos 14 carretas utilizadas para buscar a cocaína em Corumbá e levá-la a Vinhedo. O curioso é que estes caminhões estavam registrados no nome de parentes e amigos", afirmou em entrevista coletiva concedida à imprensa na delegacia da PF em Londrina. 

Desde o seu início, há aproximadamente um ano e seis meses, a Quijarro já apreendeu quatro toneladas de cocaína - 1,4 apenas nesta quarta, em Corumbá, configurando a terceira maior apreensão da droga na história do país. Considerada a melhor do mundo (com 99% de pureza), a cocaína boliviana tinha, além do mercado paulista, a Espanha como destino final. Por lá, era comercializada a 15 mil dólares por quilograma (atualmente, cerca de R$ 48 mil). A parte destinada à Europa era transportada de Corumbá ao porto de Santos por outro grupo logístico, este sediado em Martinópolis (SP). 

Divulgação/Polícia Federal
Divulgação/Polícia FederalPara Secco, a Quijarro tem como maior mérito a prisão do núcleo fornecedor, capitaneado por um casal boliviano - dono, via um laranja, da chácara de Vinhedo utilizada como entreposto. "Eles já estavam foragidos da Bolívia, conseguimos localizá-los e os deportamos. Chegando à fronteira, eles foram presos pela polícia boliviana. Também repassamos informações às autoridades espanholas para que elas consigam rastrear o dinheiro do grupo, uma vez que acreditamos que boa parte dos recursos obtidos pelo tráfico vinha ficando em território europeu, em contas administradas por um parente da mulher. No Brasil e na Bolívia, nos foi possível sequestrar pelo menos uma dezena de imóveis registrados no nome de laranjas e 10 milhões de dólares em patrimônio, o que é pouco perto do volume gerado por eles. Nosso objetivo é sempre destruir o patrimônio da organização criminosa para neutralizá-la definitivamente", explicou. 

O núcleo boliviano produzia cerca de duas toneladas de cocaína por mês, cujo valor de mercado gira em torno de 30 milhões de dólares (R$ 96 milhões). O grupo londrinense costumava fazer viagens carregando entre 280 e 400 kg, enquanto a facção do interior de São Paulo levava cerca de uma tonelada ao porto de Santos. 

"Eles tinham diversos caminhões, no nome de diversas pessoas. O interessante é que os veículos dispunham de mecanismos muito sofisticados para esconder as drogas, muitas vezes com fundos falsos imperceptíveis e acionados hidraulicamente. Em várias ocasiões, só descobrimos onde estava a cocaína graças a equipamentos de raio-x. Outro fato curioso é que a mercadoria que encobria o entorpecente era sempre lícita, geralmente minério de ferro. O transporte era feito com notas fiscais e documentação correta, aumentando a dificuldade de encontrar a cocaína. Mesmo assim, os caminhoneiros tinham sempre conhecimento de que transportavam a droga", disse Secco. 

Um dos presos nesta quarta é apontado como responsável pela falsificação de documentos dos caminhões utilizados. A PF suspeita, inclusive, que funcionários do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) tenham envolvimento com este membro da organização criminosa. Vários integrantes dos grupos investigados têm passagens por roubo, furto, estelionato e até homicídio.

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