O promotor Carlos Alberto Choinski, que participava das investigações
da Operação Quadro Negro desde o início do caso, em 2015, afirma
que foi repreendido pela Subprocuradoria-Geral de Justiça para
Assuntos Jurídicos, após enviar notificações a dois políticos
paranaenses.
Choinski trabalhava no Grupo Especializado na Proteção do
Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa
(Gepatria). O promotor era responsável pelos processos no
âmbito cível da operação. Segundo ele, o problema começou
após enviar notificações ao secretário-chefe da Casa Civil do
Paraná, Valdir Rossoni e ao deputado estadual Plauto Miró (DEM).
Os documentos informavam aos dois que eles tinham sido
citados por delatores da Quadro Negro e que seriam investigados
por isso. As notificações também liberavam o acesso das defesas
ao conteúdo das apurações.
"Logo após as notificações das autoridades, eu fui chamado no
gabinete do sub-procurador jurídico de assuntos jurídicos, doutor
Elieser Gomes da Silva, onde fui repreendido verbalmente por
ter feito a notificação dessas autoridades. Nessa ocasião ele me
disse que eu teria cometido uma quebra de confiança com a
Instituição", conta.
Segundo o promotor, na conversa lhe foi dito que ele deveria
entrar em contato com o procurador-geral de Justiça para resolver
uma pendência de cargos, já que, além das atribuições no Gepatria,
Choinski acumulava outra função na Coordenadoria de Recursos
Cíveis. "Após esse fato, me foi comunicado no dia 11 de outubro que
eu deveria entrar em contato com o procurador-geral de Justiça, pra
resolver minha questão do Gepatria", diz.
A Operação Quadro Negro apura desvios de dinheiro na construção
de escolas públicas no Paraná. Segundo as investigações, há
suspeita de que a fraude tenha movimentado cerca de R$ 20 milhões.
Delatores afirmaram à Justiça que parte desse dinheiro abasteceu
campanhas políticas.
Escolha
O procurador-geral do Paraná, Ivonei Sfoggia, afirmou que Choinski
não foi afastado da Quadro Negro. Segundo ele, o promotor pode
escolher se queria seguir no Gepatria ou se dedicar exclusivamente
à Coordenadoria de Recursos Cíveis. "Ninguém foi afastado, nem
transferido de setor nenhum. Foi dado a ele a opção. Falei com ele
ontem, sobre isso. Se quiser permanecer investigando no Gepatria,
não há nenhum problema. Ele tem conhecimento de toda a matéria.
Se não, ele continuará no Recurso Cível, onde ele está. Dei a ele a
opção de escolher, se ele quiser permanecer em um ou em outro.
Pelo que entendi, ele prefere ficar na área dos recursos e, então,
eu o colocaria outro promotor para atuar na investigação junto ao
Gepatria", diz Sfoggia.
Ainda de acordo com ele, o Gepatria passará a ter dois promotores
exclusivos, o que vai reforçar o trabalho de combate à corrupção.
Outro lado
Por meio da assessoria do Ministério Público do Paraná, o sub-
procurador Eliezer Gomes da Silva, citado por Choinski, disse
que não vai se manifestar sobre o caso.
O secretário Valdir Rossoni e o deputado Plauto Miró também
não quiseram dar declarações sobre o caso. G1.
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