A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado rejeitou nesta
terça-feira (20), por 10 votos a 9, o relatório da reforma trabalhista
elaborado pelo senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que era favo-
rável ao texto aprovado pela Câmara.
No lugar do parecer de Ferraço, a comissão aprovou um texto
alternativo, do senador oposicionista Paulo Paim (PT-RS). O rela-
tório de Paim recomenda a rejeição integral da reforma.
O resultado representa uma derrota para o governo Michel Temer,
que vê na reforma trabalhista uma das principais medidas para
a área econômica.
Apesar de o texto do governo ter sido rejeitado na Comissão de
Assuntos Sociais, a reforma trabalhista ainda vai passar pela
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, por fim, pelo plenário
do Senado.
Segundo a Mesa Diretora do Senado, os relatórios da CAE, CAS
e CCJ vão servir de orientação para a votação em plenário. O
texto que vai ser analisado em plenário é a matéria que veio da
Câmara. Após o fim da sessão na CAS, o líder do governo no
Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que o resultado
“não deixa de ser uma derrota” para o governo. Na avaliação
dele, porém, “nada muda”, porque os três relatórios – da CAE,
da CAS e da CCJ – serão enviados a plenário e analisados
separadamente. “Os três relatórios irão para o plenário. Não
muda nada, não muda a posição do governo, não muda o
plano de aprovar”, disse.
Para Jucá, o governo perdeu votos na comissão com a
ausência do senador Sérgio Petecão (PSD-AC) e os votos
contrários de Otto Alencar (PSD-BA), Hélio José (PMDB-DF)
e Eduardo Amorim (PSDB-SE), todos da base do governo.
A reforma foi enviada ao Congresso pelo presidente Michel
Temer no ano passado. Um dos principais dispositivos do projeto
é estabelecer pontos que poderão ser negociados entre patrões
e empregados. Em caso de acordo coletivo, esses pontos passam
a ter força de lei.
No Senado, o texto já havia sido aprovado pela Comissão de
Assuntos Econômicos (CAE). Na última terça-feira (13), o relator
Ricardo Ferraço leu parecer favorável à aprovação da reforma.
Ele rejeitou todas as emendas que haviam sido apresentadas
ao texto e manteve todo teor do projeto que foi aprovado pela
Câmara.
Sessão tumultuada
A sessão da Comissão de Assuntos Sociais teve momentos de
debates acalorados entre senadores desde o início.
Logo que a sessão foi aberta, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ)
fez críticas à votação do projeto em um momento que, para ele, é
inoportuno, porque o Brasil passa por uma crise. “Não vamos dar
ares de normalidade ao que está acontecendo aqui. Isso é um
escândalo”.
A presidente da comissão, Marta Suplicy (PMDB-SP), respondeu
em tom ríspido e, ao ser confrontada com um pedido de “calma”,
afirmou que não tinha que se acalmar. Em seguida, ela disse para
Lindbergh: "Olha o machismo e seu cuida, tá?" (veja o vídeo abaixo).
A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), que fez discurso contrário à
aprovação do parecer de Ferraço, também bateu boca com a presi-
dente da comissão. Para ela, Marta Suplicy, que veio do PT, estaria
incomodada em conduzir a aprovação do projeto. “Se a senhora está
incomodada, retire-se da comissão”, afirmou. Marta respondeu que
não está incomodada e que faz o trabalho de presidente do colegiado.
Críticas de Renan
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi outro
senador do mesmo partido de Temer a criticar a reforma trabalhista.
Durante a sessão, ele disse que a proposta causará “males” ao país.
“Quando nós somarmos essa reforma trabalhista – com o que de mal-
dade ela contém – com a reoneração de setores da economia, vamos
ter um desemprego alarmante no Brasil”, afirmou.
Nesse momento, Jucá, antigo aliado de Renan, rebateu as críticas
do colega. “Não se está abrindo a porteira, é falta de responsabilidade
dizer isso. Retirar décimo terceiro, não é verdade. Estamos fazendo
um ajuste para melhorar a situação de empregabilidade do país”,
afirmou, argumentando que o projeto também não trará redução
de salários.
Veja como cada senador da CAS votou no relatório de Ferraço:
Hélio José (PMDB): Não
Waldemir Moka (PMDB): Sim
Elmano Férrer (PMDB): Sim
Airton Sandoval PMDB): Sim
Waldemir Moka (PMDB): Sim
Elmano Férrer (PMDB): Sim
Airton Sandoval PMDB): Sim
Ângela Portela (PDT): Não
Humberto Costa (PT): Não
Paulo Paim (PT): Não
Paulo Rocha (PT): Não
Regina Souza (PT): Não
Humberto Costa (PT): Não
Paulo Paim (PT): Não
Paulo Rocha (PT): Não
Regina Souza (PT): Não
Dalírio Beber (PSDB): Sim
Eduardo Amorim (PSDB): Não
Flexa Ribeiro (PSDB): Sim
Ricardo Ferraço (PSDB): Sim
Eduardo Amorim (PSDB): Não
Flexa Ribeiro (PSDB): Sim
Ricardo Ferraço (PSDB): Sim
Ana Amélia (PP): Sim
Otto Alencar (PSD): Não
Otto Alencar (PSD): Não
Lídice da Matta: Não
Randolfe Rodrigues (Rede): Não
Randolfe Rodrigues (Rede): Não
Cidinho Santos (PR): Sim
Vicentinho Alves (PR): Sim
Vicentinho Alves (PR): Sim
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