Muitos brasileiros ainda não têm o hábito de usar o cinto de segurança
no banco de trás. Pesquisa do Ministério da Saúde, realizada em parceria
com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta
que apenas 50,2% da população afirmam sempre usar o cinto quando estão
no banco traseiro de carro, van ou táxi. Os entrevistados mostram mais
consciência quando está no banco da frente, em que 79,4% das pessoas com
18 anos ou mais dizem sempre usar o item de segurança. Contudo, o cinto
na parte traseira do veículo reduz mais o risco de morte, pois, em uma
colisão, impede que o corpo dos passageiros seja projetado para frente,
atingindo o motorista e o carona.
O uso do cinto de segurança no banco de trás é ainda menor na zona
rural, onde 44,8% disseram ter o hábito de colocar o cinto. Entre as
regiões, Norte e Nordeste registram os índices mais preocupantes, 36,7% e
39,5%, respectivamente, enquanto os moradores da região Sul
demonstraram ter mais consciência da importância deste item de
segurança. Lá, 65,1% das pessoas com 18 anos ou mais disseram sempre
usar cinto no banco de trás. O cenário nas regiões se repete quando o
assunto é utilizar o cinto no banco da frente: Norte e Nordeste
apresentaram os menores índices (67,2% e 66%) e Sudeste e Sul os maiores
(86,5% e 86,2%).
“Ao utilizar o cinto de segurança no banco de trás, o passageiro também
está protegendo o motorista e o carona, as pessoas que estão na frente
do carro. O uso do cinto de segurança no banco da frente e,
principalmente, no banco de trás pode evitar muitas mortes. Milhares de
pessoas perdem suas vidas no trânsito e o uso dos itens de segurança
pode reduzir essa estatística. O Brasil também está buscando cada vez
mais fortalecer a nossa ação no campo da prevenção e do monitoramento.
Essa é uma discussão que o Ministério da Saúde vem fazendo junto com
outros órgãos do governo”, destacou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Estudo da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) mostra
que o cinto de segurança no banco da frente reduz o risco de morte em
45% e, no banco traseiro, em até 75%. Em 2013, um levantamento da Rede
Sarah apontou que 80% dos passageiros do banco da frente deixariam de
morrer se os cintos do banco de trás fossem usados com regularidade.
Os dados integram o segundo volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS)
feita em 64 mil domicílios em 1.600 municípios de todo o país entre
agosto de 2013 e fevereiro de 2014. O estudo é considerado o mais
completo inquérito de saúde do Brasil e traz dados inéditos sobre vários
aspectos, entre eles, acidente no trânsito, acesso aos serviços de
saúde (atendimento e medicamentos) e violência. A pesquisa serve de base
para que o Ministério da Saúde possa traçar suas políticas públicas
para os próximos anos.
Durante o levantamento, foram coletadas informações sobre toda a família
a partir de entrevistas com cerca de 205 mil indivíduos em domicílio,
escolhidos por meio de sorteio entre os moradores da residência para
responder ao questionário. Uma terceira fase da pesquisa trará
informações resultadas dos exames de sangue, urina e aferição da pressão
arterial dos brasileiros.
USO DE CAPACETES – Também preocupa o percentual de
pessoas que vivem na área rural que deixam de usar o capacete quando
estão como passageiros em motocicletas. Do total de entrevistados, 80,1%
afirmaram usar capacete mesmo quando não estão dirigindo, mas esse
índice cai para 59% se consideramos somente os moradores da área rural.
A pesquisa revelou ainda que 4,4 milhões (3,1%) de brasileiros sofreram
acidente de trânsito com lesões corporais nos últimos 12 meses
anteriores à pesquisa. O número é maior entre os homens 4,5% e 1,8%
mulheres. Do total de pessoas que sofreram acidentes, 47,2% deixaram de
realizar atividades habituais, 7,7% tiveram que ser internadas 15,2%
tiveram sequelas ou incapacidades.
No Brasil, 42,2 mil pessoas morreram por conta de acidentes de trânsito
em 2013, sendo 12.040 envolvendo motocicletas. Foram registrados no ano
passado, mais de 127 mil internações por conta desses acidentes, o que
representa um gasto de R$ 183,1 milhões para o SUS. Os acidentes por
moto responderam por 83,4 mil internações.
O Ministério da Saúde está propondo uma série de ações intersetoriais
para a promoção de uma política específica de prevenção aos acidentes de
trânsito, principalmente moto. Entre as propostas que estão em estudo,
destaca-se o uso de equipamentos, a melhor capacitação para habilitação e
ações na área de fiscalização. Essa discussão será levada para o 2º
Road Safety, Conferência Global de Alto Nível sobre Segurança no
Trânsito, que será realizado no Brasil em novembro com o objetivo de
repactuar metas e traçar novas estratégias do governo e da sociedade
para garantir a segurança da população e salvar milhões de vidas.
VIOLÊNCIA – Ao abordar a questão da violência, 3,1% da
população afirmaram terem sofrido alguma violência ou agressão de pessoa
desconhecida nos últimos 12 meses anteriores. Homens sofrem mais
agressão por pessoas desconhecidas (3,7%) e as mulheres são as maiores
vítimas de agressão por pessoas conhecidas (3,1%).
Do total de pessoas que sofreram violência, 20,9% tiveram alguma lesão
corporal devido à violência ou agressão por pessoas desconhecidas, sendo
mais da metade homens (28,6%) e 11,4%, mulheres. Um grupo um pouco
menor (17,9%) diz ter recebido algum tipo de assistência de saúde. As
mulheres foram as que mais buscaram assistência, 20,8%, enquanto esse
índice entre os homens foi de 12,3%.
Uma ação importante voltada à violência contra a mulher foi anunciada
este ano pelo governo federal. Portaria assinada pelo Ministério da
Saúde, da Justiça e pela Secretaria de Políticas para as Mulheres
estabelece novas diretrizes para a integração do atendimento às vítimas
de violência sexual pelos profissionais de segurança públicas e de saúde
do SUS.
O objetivo é implementar em âmbito nacional o registro de informações e a
coleta de vestígios durante o atendimento às vítimas nos em hospitais,
tornando a assistência mais humanizada e reduzindo a exposição da pessoa
que sofreu violência. O registro de informações e coleta de vestígios
no momento do atendimento em saúde também contribui para o combate à
impunidade, com a realização de exames nas primeiras horas após a
violência.
Por Patrícia de Paula, da Agência Saúde
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