Bem Paraná
Novos diálogos do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e o presidente do Senado, Renan Calheiros, sugerem articulações para influenciar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato. O áudio foi divulgado pelo "Jornal da Globo", da Rede Globo, nesta quinta-feira (26), que obteve gravações feitas por Machado nos dias 10 e 11 de março.
Em um dos trechos da conversa, Sarney cita o nome do ex-ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Cesar Asfor Rocha, como alguém que teria proximidade com Teori. "Tem total acesso ao Teori. Muito muito muito muito acesso, muito acesso. Eu preciso falar com Cesar. A única coisa com o Cesar, com o Teori é com o Cesar", afirma Sarney. Sarney respondia pedido de ajuda de Machado para se livrar da pressão para realizar delação premiada.
"Porque realmente, se me jogarem para baixo aí... Teori ninguém consegue conversar", disse o ex-presidente da Transpetro. Em outra gravação, Calheiros também participa da conversa. O trio cita o advogado Eduardo Ferrão para chegar a Teori. "O Renan me fez uma lembrança que pode substituir o Cesar. O Ferrão é muito amigo do Teori", diz Sarney. Em outro trecho do áudio, Machado afirma que uma possível delação da Odebrecht poderia implicar a presidente afastada Dilma Rousseff por causa de pagamentos ao publicitários João Santana.
"A Odebrecht [...] vão abrir, vão contar tudo. Vão livrar a cara do Lula. E vão pegar a Dilma. Porque foi com ele quem tratou diretamente sobre o pagamento do João Santana foi ela", afirma Sarney. "Então eles vão fazer. Porque isso tudo foi muito ruim pra eles. Com isso não tem jeito. Agora precisa se armar. Como vamos fazer com essa situação. A oposição não vai aceitar. Vamos ter que fazer um acordo geral com tudo isso".Preocupação - Assessores do presidente interino, Michel Temer, relatam um clima de apreensão no governo depois de receberem a informação de que o Ministério Público pode ter mais gravações feitas por Machado reforçando suspeitas de que a cúpula do PMDB estaria atuando para tentar brecar a Operação Lava Jato. Na segunda-feira (23), no mesmo dia da divulgação de gravação do ex-ministro Romero Jucá (Planejamento) com Machado em que ele sugere um pacto para barrar a Lava Jato, o PV anunciou posição de independência no Congresso. O receio é que partidos como PSDB e DEM repitam o gesto caso as denúncias se aproximem do presidente interino. Além da gravação entre Jucá e Machado, a Folha de S.Paulo revelou gravações do ex-presidente da Transpetro com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente José Sarney.
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