Dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Curitiba e em Londrina. Os alvos são um empresário e um ex-diretor municipal de obras. Ambos são suspeitos de associação criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva, fraude a licitação e crime de responsabilidade com objetivo de desvio de recursos públicos, de acordo com a polícia.
Para o secretário da Segurança Pública e Administração Penitenciária, Wagner Mesquita, todos os crimes contra administração pública devem ser investigados. "O Nurce conta com o apoio de todas as pastas do governo estadual, para que as investigações caminhem de forma clara, a fim de dar uma resposta rápida à população", disse o secretário durante coletiva de imprensa.
"A Secretaria da Segurança Pública está mantendo um combate forte ao crime organizado, ao tráfico de drogas e roubos, além de acompanhar os delitos de eventuais desvios de funcionários públicos em relação à administração dos recursos", acrescentou Mesquita.
Além de combater crimes contra a economia, as investigações do Nurce buscam a repressão de eventuais desvios de recursos públicos no Estado, conforme ressalta o delegado-geral da Polícia Civil, Julio Cezar dos Reis.
INVESTIGAÇÃO – Durante as buscas, a equipe do Nurce apreendeu o celular de um ex-diretor de obras do município, na residência dele, no bairro Água Verde, em Curitiba. O aparelho contém diversos materiais que darão suporte para diligências mais detalhadas e posterior elucidação do crime.
A investigação está baseada em uma Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público (MP) da Comarca de Cambará. Os réus são o ex-prefeito João Mattar Olivato, servidores e empresários para apurar a contratação indevida – por intermédio das Dispensas de Licitações – para serviços de limpeza, roçagem e manutenção de vias públicas/terrenos no município. Há também indícios de conivência e pagamento de propina ao ex-prefeito.
O delegado responsável pelas investigações, Renato Figueiroa, ressalta que, pela legislação, em caso de dispensa de licitação, obrigatoriamente é preciso que o poder público arrecade três orçamentos. "Esse era um jogo de cartas marcadas. As investigações revelaram que todos os orçamentos foram feitos pela mesma pessoa investigada. Conseguimos identificar os proprietários das demais empresas que supostamente teriam participado e ambos ficaram surpresos ao saber do ocorrido, uma vez que não haviam encaminhado os orçamentos. Essas pessoas haviam trabalhado anteriormente com o investigado e tiveram seus dados usados na fraude", explicou Figueiroa.
A polícia apurou também que os serviços de manutenção contratados seriam destinados a uma área inicial de 400 mil m². No entanto, foi autorizado o pagamento para empresa, por ordem direta do prefeito, de 516 mil m², mesmo com apenas 373 mil m² dos serviços efetivamente realizados. Há também indícios de que parte dos trabalhos foram feitos em áreas particulares.
Durante as investigações surgiu a denúncia de que a empresa contratada fraudulentamente teria pago R$ 5 mil para a esposa do ex-prefeito.
O ex-diretor de obras investigado também é suspeito de ter sumido com o processo que dispensou da licitação. "Um fato gravíssimo que obviamente demandaria providências por parte da gestão municipal, mas que não ocorreu, fortalecendo assim os indícios de conivência por parte da administração pública", acrescentou o delegado responsável pelas investigações.
Redação Bonde com AEN
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