Por Felipe Ribeiro e Luiz Henrique de Oliveira
Foto: Arquivo Pessoal/Toni Reis
Para todo cristão, o batismo do filho é um momento especial e muito aguardado. Para um casal homoafetivo de Curitiba, então, a cerimônia teve um gosto ainda mais especial no último domingo (23), na Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Isso porque o batismo dos três filhos de Toni Reis e David Harrad aconteceu após uma série de quatro problemas burocráticos impostos por igrejas e capelas da capital.
Em entrevista à Banda B nesta terça-feira (25), Toni Reis disse que recebeu com muita felicidade a possibilidade do batismo e agradeceu o respeito pelo que todos foram tratados. “Estamos muito felizes por esse respeito, sem discriminação. Nós nem imaginávamos que a cerimônia seria tão bonita. Cumprimos todos os dogmas da santa e amada Igreja Católica e recebemos até uma lindíssima fala do padre sobre a importância da adoção e sobre amor incondicional às pessoas”, disse.
Arquivo Pessoal
Segundo o padre Alex Cordeiro, da Coordenação Evangelizadora da Arquidiocese de Curitiba, esse não é o primeiro caso de batismo de filhos de casais homoafetivos em Curitiba, uma vez que a Igreja Católica batiza a todos independentemente da condição dos pais. “Essa é um norma canônica nossa, temos exigências apenas em relação aos padrinhos. Essa visibilidade acontece agora por, talvez, falta de conhecimento. Assim que a Catedral foi procurada, o arcebispo foi comunicado e autorizou o batismo sem problema nenhum”, comentou.
Os três filhos, Alysson, Filipe e Jéssica ficaram muito felizes com a realização da cerimônia. Jéssica, como conta Reis, chegou a declarar que agora sim pode dizer que é católica.
Preconceito
Toni Reis é secretário de Educação, da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) e já acompanhou vários casos de homofobia pelo Brasil. Para esse batismo, ele disse que já espera discriminação de vários lados, mas que o mais importante é a acolhida da Igreja. “Se as críticas vierem, diremos que já temos nossa opinião formada. A religião é uma questão privada, eu mesmo já fui seminarista. Creio em Deus e respeito muito isso, mesmo sendo gay. Meu padre e meu arcebispo aceitando, tudo bem para mim”, declarou.
Questionado sobre a figura do Papa Francisco ter possibilitado uma maior abertura da igreja, Alex Cordeiro disse concordar com a afirmação, mas garantiu que o batismo é um direito de todos. “Claro que alguns padres torcem o nariz, mas isso não é uma prática da igreja. O papa Francisco resgata princípios que são próprios da igreja e da fé cristã. Não são princípios novos nos 2 mil anos de igreja, mas o de que a acolhida e o anúncio do evangelho é para todos”, concluiu.
Para quem tiver dúvidas sobre o procedimento, basta procurar a Arquidiocese de Curitiba.
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