Duas pessoas, com uma diferença de idade de 65 anos, são as campeãs na coleta de lacres de latas de alumínio para a troca do metal por cadeiras de rodas na região de Londrina. A ex-costureira Ivone Caineli, de 73, moradora de Assaí (Região metropolitana de Londrina), coletou 140 garrafas PET de dois litros cheias de lacres de alumínio. Já Ana Luísa Amaro Dalcin, de apenas oito anos, de Londrina, entregou em sua escola 60 garrafas PET de lacres. Elas são duas das várias pessoas que se engajaram na campanha Eu Ajudo na Lata, da Unimed, e que resultou na coleta de 1.997 quilos de alumínio. Com a venda do material foi possível comprar 22 cadeiras de rodas, que serão doadas a oito instituições e também à Secretaria Municipal de Educação, que participou da campanha neste ano.
Para Ivone, o significado de poder ajudar alguém que precisa de cadeira de rodas é muito grande. Em 1998, quando sua filha descobriu que tinha câncer, ela pediu uma cadeira emprestada à Pastoral da Criança. "Na hora que minha filha sentou na cadeira de rodas abriu um sorriso. Aí vi a importância disso para uma pessoa que não pode andar", relembra, lamentando que pouco tempo depois a filha morreu. "Naquela época ouvi que estavam trocando lacres por cadeiras de rodas, mas eu não sabia onde trocar", afirma.
Há quatro anos a ideia de juntar os lacres foi retomada. "No começo algumas pessoas não colocaram fé que eu conseguiria, mas com a ajuda de amigos, vizinhos e de minha família consegui as 140 garrafas necessárias para uma cadeira", conta, explicando que pediu que a doação fosse feita à Pastoral da Criança de Assaí. "Acho que se eu pedisse para alguém doar a cadeira de rodas em vez de fazer esse esforço não teria o mesmo valor. Trocar esses lacres por cadeira de rodas me fez sentir realizada por fazer parte de um projeto", diz, emocionada.
Já Ana Luísa entregou 60 garrafas cheias de lacres na Escola Municipal Norman Prochet. Ela conta que um dos alunos precisa de cadeira de rodas e ficou feliz ao saber que seu gesto pode ajudar uma pessoa. Ela revela que seus colegas ficaram impressionados quando seu pai José Eduardo parou o carro ao lado da escola e começou a retirar as garrafas da caçamba. "Eu ajudei a carregar e meus amigos também foram ajudar", relembra Aninha, como é chamada pelos familiares.
O pai, aliás, foi quem mais ajudou a fazer a coleta. Dalcin conta que um amigo duvidou que ele conseguisse reunir tantos lacres. "Fiquei com aquilo na cabeça e quis mostrar para ele que era possível sim." Motorista de uma dupla de cantores, ele conta que ia a cada estabelecimento que comercializava bebida e pedia os lacres. Com o tempo, por onde passava todos já sabiam que ele coletava os lacres. "Meus amigos começaram a juntar para mim. Quando ia comprar pão com a Aninha, ela ficava juntando os lacres que achava no chão. E tem bastante gente que já a conhecia e entregava para ela", explica.
Desde a entrega dos lacres para a Unimed, a família já começou uma nova campanha de arrecadação de lacres. "Não custa nada e todo mundo pode ajudar", ressalta Dalcin.
Expectativa
O resultado da 4ª edição da campanha "Eu ajudo na lata" superou as expectativas. Foram arrecadadas 3.120 garrafas PET cheias de lacres de latas. "As parceiras, principalmente com a Secretaria de Educação, ajudaram muito. A mobilização foi muito legal, mas também demostra que a campanha está conhecida na cidade. Recebemos muitas ligações de pessoas querendo saber como funciona. Isso contribuiu que o resultado fosse tão surpreendente", afirma a especialista em Responsabilidade Social da Unimed Londrina, Fabianne Piojetti. Em agosto a cooperativa de médicos fez uma enquete para definir a quantidade de cadeiras destinadas a cada instituição. A mais votada foi a Apae de Cambé, que vai receber seis cadeiras. Também serão contempladas Lar Maria Tereza Vieira (5), Apae de Alvorada do Sul (3), Ilece (2), Caritas Arquidiocesana (2), Casa de Apoio Madre Leônia (2), Hospital Evangélico (1), Pastoral da Criança de Assaí (1)e Secretaria Municipal de Educação (1). (Colaborou Aline Machado Parodi/Grupo Folha)
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