Mitos e boatos são parceiros inseparáveis da humanidade, mas foi com a internet que eles ganharam um meio de transmissão muito eficiente. Não há trégua. Todos os dias um novo mito é criado, transformado ou reforçado por "novas descobertas da ciência" ou "testemunhos confiáveis".
No que diz respeito a mitos de ciências e tecnologia, alguns são facilmente refutados por terem como fundamento apenas a imaginação fértil de um indivíduo ou grupo. Outros, porém, soam como válidos ou verossímeis graças a estudos mal interpretados ou inspirados por pesquisas de metodologia duvidosa. Certos boatos usam nomes de pessoas, empresas ou da Nasa (Agência Espacial Americana) para ganhar força. Eles podem enganar até os que se esforçam para separar o falso do verdadeiro.Já recebeu a mensagem com a ameaça iminente do dia? Para investigar o que é fato, ficção ou algo entre os dois, separamos dez desses casos e entramos em contato com especialistas em cada um dos assuntos para tentar esclarecer o que é apenas conversa de rede social.
1. Celular causa câncer
MITO: Este é um daqueles mitos que tem origem ou se fundamenta em deturpações de pesquisas científicas. A preocupação com o celular se dá por causa da radiação. Existem dois tipos de radiação: a ionizante e a não ionizante. A radiação ionizante tem potencial para o desenvolvimento de câncer. O celular, porém, usa a não ionizante e nunca ficou comprovado que seja um vetor para o aumento de casos de câncer. "Para a radiação não ionizante, nunca se conseguiu definir uma associação clara entre a exposição e a incidência de câncer em seres humanos", disse o neuro-oncologista Rodrigo Munhoz, do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo). "Não há estudos que comprovem". Resumindo: você corre mais risco de morrer (ou de matar alguém) mandando mensagens de WhatsApp enquanto dirige do que de ter um câncer devido ao uso excessivo de celular.
2. Mac não pega vírus, Mac nunca trava
MITO: Não há dúvida de que o Mac OS é um bom sistema operacional, mas existem exageros. Por ser menos popular, atrai menos a atenção dos malwares por restringir alastramentos. É ainda menos aberto a interferências do usuário. Portanto, naturalmente, acaba com menor incidência de vírus e travamentos. "O Mac, assim como o iPhone, pega vírus", contou Sergio da Mota Bastos, professor do curso técnico em informática do Senac Santana. "Todo dispositivo que executa programas está sujeito a executar tarefas indesejadas".
3. Digitar a URL direto no browser é mais seguro
VERDADE: Conta-se que digitar o endereço de um site no navegador é mais seguro do que clicar em um link. O conselho tem cara de mito por parecer que provoca o mesmo efeito por um trabalho maior. Se você conhece exatamente o endereço de um site e o digita corretamente no browser, não corre o risco de ser enganado por saber para onde está indo. "Quando você recebe um link, este pode enviá-lo a um local desconhecido, indesejado ou inseguro", disse Mota Basto, docente do curso técnico em informática do Senac Santana. "É mais seguro".
4. Navegação privativa não deixa rastro
MITO: Você pode até ludibriar sua mãe ou seu companheiro usando a navegação privada para não deixar registro de visitas a sites que podem ser constrangedores, mas isso não faz com que ações ilegais sejam despistadas completamente. Segundo Mota Bastos, você deixa rastro por onde passa. "Toda a navegação na internet mantém um histórico, embora não apareça no registro do browser".
5. Se não aparece no Google, não existe
MITO: O Google é uma ferramenta de busca bem aprimorada e faz parte da vida diária de quase todos deste lado do mundo. Mesmo que você suporte 24 horas de pesquisa, provavelmente não será capaz de visualizar uma fração das páginas indexadas naquele dia. Nem tudo, no entanto, pode ser encontrado. "Ele só encontra aquilo que foi indexado nos seus robôs de buscas", explicou Mota Bastos. "Para ser indexado pelo Google, faz-se necessário aplicar algumas técnicas de desenvolvimento da Web". Por isso, é possível ficar de fora do buscador, intencionalmente ou não.
6. Dividir o HD melhora a performance do computador
VERDADE: Existem muitas dicas para melhorar o desempenho de um computador. Uma dessas dicas, que por sinal é bem antiga, é particionar o HD. Para Edson Vander Dourado, professor do curso técnico em informática do Senac Santana, isso não é um mito. "Melhora por separar o sistema operacional dos documentos", disse. Particionar nada mais é do que dividir seu disco em duas ou mais partes. Cada uma dessas partições é designada por uma letra seguida de dois pontos. Isso é particularmente útil se você precisar formatar seu computador um dia.
7. Mb/s e MB/s são a mesma m****
MITO: Mb/s e MB/s são medidas diferentes. Bit (b) é a menor unidade usada pela informática e pode assumir apenas dois valores (0 ou 1). Byte (B) é, normalmente, um octeto de bits. MB/s seria, portanto, uma velocidade oito vezes maior do que Mb/s. Por isso, fique de olho no que a sua operadora diz que está vendendo e em que você pensa que está contratando.
8. Notebook no colo prejudica a saúde
TALVEZ: O mito sobre o uso do notebook no colo tem duas versões. A mais "leve" delas, conta que a prática pode deixar homens e mulheres estéreis pela proximidade do aparelho com o sistema reprodutor. Um pouco mais nefasta, a segunda variação sugere que a posição pode provocar câncer nos testículos ou ovários. O médico Rodrigo Munhoz suspeita que o boato tenha origem no fato de a temperatura ter potencial para interferir na produção de espermatozoides e no metabolismo dos testículos. O calor gerado pelo notebook seria, assim, um vetor de insalubridade. "Nunca se conseguiu definir uma relação direta entre o uso de notebook no colo com desenvolvimento de tumores no testículo", disse Munhoz, nem com esterilidade. Apesar de o aparelho esquentar, a temperatura não é relevante para causar esse tipo de dano ao organismo. Esses riscos não são fundamentados em pesquisas médicas. Então, não há risco em usar notebook no colo? Pergunte a sua coluna. Apesar de estar a salvo de um câncer ou da esterilidade, a posição pode provocar dores nas costas. A prática também não é saudável para o notebook. Se você bloquear a passagem de ar, o aparelho pode aquecer demais e gerar dano ao hardware.
9. Devido ao magnetismo, celulares apagam cartões de crédito
MITO: Altas doses de magnetismo podem apagar fitas VHS (se elas ainda existirem), HDs e cartões de crédito. O celular não é capaz de produzir um campo com a força necessária para isso. "Não apaga por ser baixa intensidade", contou Claudio Imamura, docente do curso técnico em informática do Senac. Não se preocupe quando guardar o smartphone no mesmo bolso dos cartões, eles não ficarão inutilizados.
10. Quanto mais megapixel, melhor a foto
MITO: A cada lançamento, os fabricantes de smartphones investem em câmeras com mais megapixel. Esse, sem dúvida, é um bom chamariz para os consumidores, que não se cansam de fotografar, filmar e expor qualquer momento cotidiano. Segundo Imamura, a quantidade de pixel é apenas um dos elementos para uma boa imagem. "A qualidade da foto depende de outros fatores, como tipo lente, exposição, tempo de abertura, entre outras coisas". Ser um bom fotografo também pode ajudar.
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