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terça-feira, 24 de novembro de 2015

EM DEPOIMENTO NA TARDE DESTA SEGUNDA FEIRA LUIZ ABI ANTOUN PRESTOU VÁRIOS ESCLARECIMENTOS

O empresário Luiz Abi Antoun e o mecânico Ismar Ieger prestaram ontem depoimento pela primeira vez, na ação penal derivada da Operação Voldemort, que tramita na 3ª Vara Criminal de Londrina. Na fala dos dois, houve uma pequena contradição sobre quando começou a ajuda de Abi à Oficina Providence, vencedora de uma licitação junto ao Departamento de Transportes (Deto), órgão da Secretaria Estadual de Administração e Previdência, para assumir um contrato emergencial de conserto da frota do governo paranaense na região, em dezembro do ano passado. A Operação Voldemort, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), investiga a denúncia de fraude na licitação.
Para o Ministério Público (MP), Abi seria o verdadeiro dono da oficina e Ieger, um “laranja”, mas os dois negaram essa tese ontem. Em seu depoimento, Ieger disse que começou a oficina com o capital que tinha e conseguiu trazer clientes de oficinas nas quais havia trabalhado antes. No entanto, como não tinha dinheiro suficiente para comprar alguns instrumentos de trabalho, como elevadores usados para o conserto de veículos, resolveu pedir ajuda a Abi um tempo depois. Já o empresário, que é parente do governador Beto Richa (PSDB), afirmou que ajudou logo que a oficina foi instalada, pois tinha interesse em receber o aluguel pelo barracão onde funciona a Providence, que é de sua propriedade. As ferramentas também foram alugadas e nisso os dois concordaram. Ambos choraram ao fim dos depoimentos.
Outros réus foram ouvidos na audiência de ontem. Outros dois, o empresário Paulo Midauar e o ex-diretor do Deto Ernani Delicato, serão ouvidos por cartas precatórias, em Bandeirantes e em Curitiba, respectivamente.
Depoimentos
Abi afirmou que Ieger o procurou e pediu se ele poderia “ajudar no início com os ferramentais, tipo elevador”. E completou: “falei ‘olha posso ajudar’”. Ele negou, porém, que participasse da administração da oficina. “Quando começou a funcionar a oficina, teve essa ajuda financeira na parte dos ferramentais.”
Sobre as câmeras instaladas na oficina, um dos argumentos usados pelo MP para comprovar a tese de que Abi controlava o estabelecimento, o empresário afirmou que todos os seus imóveis têm câmeras e atribuiu a vigilância aos atrasos no pagamento dos alugueis. “Logo que ele começou a atrasar o pagamento do aluguel, achei que era uma forma de ver o fluxo da oficina.”
Ieger disse que o investimento inicial na Providence foi feito com recursos próprios e que pediu ajuda a Abi para comprar elevadores para o conserto de automóveis. Ele acrescentou que chegou a pensar em propor sociedade entre os dois, mas depois desistiu. “Graças a Deus, no começo veio bastante cliente, as coisas começaram a crescer muito e sem elevador é sofrimento trabalhar como mecânico. Fui lá no Luiz [Abi] e disse que as coisas estão melhorando para mim e está difícil, os meus recursos foram meio rápido.”
A ideia inicial de sociedade evoluiu para a compra dos elevadores, que, segundo Ieger, seriam alugados por Abi. “Ele comprou uns equipamentos para locar e eu não tinha recursos. Eu pagava aluguel dos equipamentos.”

Abi nega ser dono da Providence

O empresário Luiz Abi Antoun negou ser o verdadeiro dono da Oficina Providence e disse que não faz sentido “em 2013 montar uma empresa para fraudar um contrato de um governo em 2014 com eleição em andamento” sem saber quem ia ganhar. 

“Outra coisa que não cruza são os valores. O valor dessa licitação seria R$ 1,5 milhão em seis meses. As pessoas envolvidas são seis ou sete. Envolveram amigos, famílias pra desfrutar de 20% desse valor, que seria o lucro dividido por sete. Os cálculos não batem. Daria R$ 5 mil por mês. Sou empresário, sei fazer cálculo”, afirmou.

Ele também disse que, se quisesse, participaria de licitação do governo. “Se tivesse de participar de qualquer órgão público ou licitação, eu poderia, eu não ia pedir para terceiro e não justifica os valores. Usufruir de 30 mil…”, concluiu.

Ismar Ieger, que também negou ter fraudado a licitação do Departamento de Transportes (Deto), disse que já foi “condenado” pela imprensa. “Você vê umas mentiras que falam na mídia. Fui condenado por acusações mentirosas. A mídia já me acusou, já me condenou.” Ele reclamou também do tratamento dispensado a ele pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), quando da sua prisão, em março.  JL

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