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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

UMA IDEIA DA VISÃO DE DEUS

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O tão comemorado Dia da Àrvore, desde o tempo do banco escolar, me remete a natureza como um todo. Há um trecho do livro "O que é Deus", de Eliseu F. da Mota Júnior (Editora O Clarim) onde ele descreve uma idéia da visão de Deus pelo naturalista sueco Carl Lineu (1707-1778) que dizia que "Só em pensamento podemos aprender sobre Deus". O trecho é um pouco longo, mas é de uma beleza tão profunda que te fará mergulhar nas belas imagens dessa reflexão. E para quem (ainda) não crê em Deus mas sente sua existência nas simplicidades da natureza e em tudo o que existe e pulsa vivo ao nosso redor, ficam as belas palavras de um homem da ciência que não resistiu e se rendeu à tanta divindade escancarada aos seus olhos.
"Uma tarde de verão, deixara eu a encosta florida de Sainte-Adresse, para subir no ocidente às eminências do cabo Heve. Tinha subido progressivamente até ao planalto superior, onde os sinais anunciavam aos navios o movimento horário das ondas e os faróis se acendem como uma estrela na obscura imensidade. O astro do dia, avermelhado, tingiu as nuvens de púrpura. No alto, o céu azul coroava-me com sua pureza. Embaixo a mata povoada de insetos elevava a sua camada de perfumes. O mugido das ondas mal sobrem até aí. (...) Todos, desde a meiga e solitária medusa, desde a estrela do mar, bordadas de púrpura, até os gafanhotos, até o alcion de neve lhe agradeciam piedosamente. Era como um incenso que se elevava das ondas e das montanhas, e parecia que os mugidos temperados do rio, que a brisa que soprava o continente, que a atmosfera embalsamada, que a luz empalidecendo a serenidade do firmamento, participavam com amor desta universal adoração. (...) A terra tornava-se um átomo flutuante no infinito, mas ligada por laço invisível à unidade da criação. E a prece imensa do céu incomensurável tinha seu eco, sua estrofe da vida terrestre que em torno de mim vibrava. Eu olhava, mas me sentia-me tão pequenino desta ação de graças, que a grandeza do espetáculo me entristeceu. Senti esvaecer-me diante da imensidade da natureza. Pareceu-me que não podia falar nem pensar. O vasto mar fugia para o infinito e os meus olhos se cobriam de um véu. Com as faces inundadas de lágrimas, senti-me impelido a ajoelhar-me diante do céu com a cabeça entre as ervas. E os seres continuavam suas preces. O sol olhou pela derradeira vez para o horizonte dos mares e satisfeito com a homenagem de todos os seres, desceu gloriosamente para o hemisfério dos outros povos. (...) O´misterioso incógnito" exclamei eu. Ser grande, imenso! O que somos nós? Supremo autor da harmonia! Que és tu, se tão grande é a tua obra? Pobres insetos humanos, que crêem te conhecer! (...) Sim! Tu me ouves. Tu que dás à florzinha dos campos, beleza e perfume; a voz do oceano não cobre a minha, e o meu pensamento eleva-se a ti, ó meu Deus, com a prece de todos." blog Fernanda Borges.

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