Depois de se reunir com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff praticamente decidiu que, sem uma resposta razoável do governo dos Estados Unidos para as espionagens realizadas pela Agência de Segurança Nacional (NSA, sigla em inglês), o que até agora não aconteceu, ela realmente deve desistir da visita de Estado a Washington, a convite de Barack Obama.
A decisão de cancelar a viagem poderá ser anunciada oficialmente nesta semana, depois do encontro de Dilma com o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo. A decisão ocorreria antes da viagem da presidente à Nova York, marcada para a semana que vem.
Mas o governo tentar construir uma última etapa de negociação para evitar o cancelamento. O palco seria em 24 de setembro, dia em que Dilma e Obama discursarão na abertura da Assembleia da ONU, quando uma nova conversa entre os dois poderá ocorrer, ainda que informalmente.
Nesta terça-feira, a presidente Dilma terá a primeira reunião oficial com o chanceler brasileiro, que na quarta-feira passada foi recebido em Washington pela assessora de segurança Nacional da Casa Branca, Susan Rice, que levou novas explicações do governo norte-americano para o Brasil sobre as espionagens contra a presidente, e-mails e empresas brasileiras, como a Petrobras.
Para que a viagem seja viabilizada, o governo Obama precisaria dar garantias de que a espionagem não ocorrerá mais, uma vez que todas as explicações dadas até agora não se mostraram verdadeiras e mais vazamentos comprovaram isso. Como tanto o Brasil quanto os Estados Unidos não sabem o que mais tem para ser vazado por Edward Snowden, e os norte-americanos não têm como garantir nada, há preocupação de parte a parte. "Imagine se a presidente está lá em Washington e sai um outro vazamento com uma outra denúncia grave como as últimas, que espionaram isso ou aquilo. Será um vexame monumental", disse um interlocutor de Dilma.
No encontro com Obama na Rússia, o norte-americano deu demonstrações a Dilma de que estava empenhado em buscar respostas para apresentar e que providências seriam tomadas. Mas nada contundente e convincente chegou a Dilma. Apesar de sua determinação, até este momento, de não ir, a presidente está convencida de que Obama poderá criar condições políticas para viagem sair, por exemplo, neste encontro em Nova York.
Dilma já avisou que não quer criar uma crise política com os Estados Unidos ou mostrar intransigência absoluta, mas precisa deixar claro e reiterar que o que aconteceu é "muito grave", "inaceitável" e que isso não pode continuar. E na ONU seria um bom momento para que as conversas retomassem do ponto em que pararam, porque é preciso ultrapassar esta barreira surgida, para que não haja insegurança na relação entre os dois países.
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