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terça-feira, 23 de novembro de 2021

A CADA ANO 475 MIL ANIMAIS SÃO ATROPELADOS NAS ESTRADAS DO BRASIL

O atropelamento de dois cavalos ontem, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, chamou a atenção para um perigo constante nas estradas: o risco de acidentes envolvendo animais. A cada ano, pelo menos 300 mil animais de grande a médio porte são atropelados no Paraná, segundo projeção do Sistema Urubu, desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), da Universidade Federal de Lavras (MG). Em todo o Brasil, 475 milhões de animais de todos os tamanhos e espécies são atropelados a cada ano, de acordo com a projeção do Sistema Urubu. A Região Sudeste é responsável por 56% das ocorrências e em seguida aparece a Região Sul, com 29%, à frente de Nordeste (9%), Centro-Oeste (5%) e Norte (1%). O Paraná só fica atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A maior parte das vítimas de atropelamentos, 90% do total, é formada por animais de pequeno porte, como rãs, sapos, cobras, aves e pequenos roedores. Outros 9% são animais de médio porte, como macacos e cães, e apenas 1% dos atropelados são animais de grande porte, como cavalos, capivaras, preguiças e bovinos. Alex Bager, professor da Universidade Federal de Lavras e idealizador do Sistema Urubu, explica que trabalha com a projeção e informações enviadas por meio do aplicativo Urubu Mobile. Com ele, usuários de todo o país podem enviar fotos dos animais atropelados e alimentar o banco de dados. Desde que foi criado, em 2014, o Urubu Mobile recebeu informações sobre 744 animais mortos em estradas no Paraná e 24,9 mil em todo o Brasil. “Trabalhamos em uma ponta e os governos trabalham na outra, favorecendo a ampliação da malha viária. As estradas são boas para o desenvolvimento econômico e social, mas cada metro de estrada põe em risco a vida de pessoas e animais”, diz Bager. “Se nós não fizéssemos esse tipo de pressão, a situação estaria bem pior. Temos que fazer o máximo para proteger a vida nesse processo de desenvolvimento”. A concessionária de pedágio Ecovia, que administra a BR-277 entre Curitiba e o litoral do estado, por exemplo, calcula que pelo menos 120 acidentes envolvendo animais são registrados por ano. Os animais, na maioria gatos, cavalos e cachorros, são atraídos principalmente por grãos que caem de caminhões. Quando eles morrem, atraem outros animais para o asfalto, o que acaba ajudando a aumentar as estatísticas. Com uma malha viária extensa e muitos animais, o Brasil lidera as estatísticas mundiais de atropelamento. “O Brasil mata mais que países como os Estados Unidos, que têm uma malha viária grande. Temos uma biodiversidade pujante, com um maior número de espécies”, diz Alex Bager. Lei estadual obriga atendimento Desde 2019, uma lei estadual obriga as concessionárias a prestarem atendimento para animais atropelados nas rodovias pedagiadas do Paraná. Em agosto deste ano, dois projetos que preveem sanções a motoristas que não socorrerem animais feridos em estradas começaram a tramitar na Assembleia Legislativa do Paraná. “Quando alguém implanta uma passagem de animais, ela protege a fauna apenas naquele lugar. Uma legislação, se for bem feita, ajuda a proteger a fauna como um todo”, avalia Alex Bager. “Mas tem que ter ferramentas para fiscalizar. Imagine atropelar um animal e não ter sinal no celular para chamar ajuda. O motorista teria que recolher o animal, que pode passar alguma doença ou morder. Não é só criar a lei e achar que tudo vai se resolver”. Casos recentes Os dois cavalos atropelados ontem morreram após serem atingidos pelo veículo da secretaria de Saúde de uma prefeitura do interior do Paraná, no quilômetro 15 da BR-116, em Colombo. O acidente foi por volta das 11 horas. Um dos animais caiu sobre o carro, na posição onde fica o motorista, que ficou ferido e foi encaminhado ao Hospital Angelina Caron. No carro ainda estava um cadeirante, que teve ferimento leves. Os animais ficaram caídos na pista até serem retirados por uma equipe da prefeitura de Colombo.

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