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terça-feira, 2 de maio de 2017

POLÍCIA MILITAR DE GOIÁS AFASTA CAPITÃO QUE AGREDIU JOVEM EM PROTESTO

A Polícia Militar de Goiás retirou do serviço nas ruas o capitão Augusto Sampaio de Oliveira Neto. Subcomandante da 37ª Companhia Independente, ligada ao Comando do Policiamento de Goiânia, ele foi filmado atingindo com um cassetete o jovem Mateus Ferreira da Silva, de 33 anos, na dispersão da greve geral do dia 28. Silva sofreu traumatismo craniano e múltiplas fraturas e permanece em estado grave na UTI do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). 

Em nota no início da tarde desta segunda, o hospital informou que o jovem foi submetido a uma cirurgia delicada na face, que durou 4 horas. Ele está em estado grave, entubado e sedado, com comprometimentos renais e pulmonares. Segundo o hospital, terá início nesta segunda-feira, 1, o procedimento de hemodiálise do jovem. Familiares afirmam que ele está com pneumonia. 

A decisão de manter o capitão Oliveira Neto apenas no serviço administrativo, ou seja, fora do policiamento ostensivo, foi divulgada após repercussão da ação da PM contra manifestantes na sexta-feira. Além de Silva, pelas redes sociais circulam imagens de quatro PMs batendo em uma jovem caída no chão. O próprio capitão é flagrado empurrando manifestantes.

O afastamento do oficial será por 30 dias enquanto durar um inquérito policial militar (IPM) cuja conclusão vai para o Poder Judiciário. A reportagem não conseguiu localizar o capitão. O Comandante-Geral da corporação, Coronel Divino Alves de Oliveira, confirmou o afastamento "para apurar a responsabilidade" da ação que classificou como "incorreta". Disse também que a tropa não usava material químico não-letal. 

O secretário de Segurança Pública de Goiás, Ricardo Balestreri, opinou pelas redes sociais sobre a ação da PM afirmando que uma "intervenção nunca tem como objetivo ferir as pessoas, mas imobilizá-las e conduzi-las a autoridade encarregada do processo de responsabilização". No caso do protesto do dia 28, a repressão teve início após a dispersão dos organizadores e a permanência de um grupo de jovens estudantes, a maioria deles mascarados. 

Vigília 

Na porta do hospital onde Silva está internado, ocorre uma vigília pela melhora do estudante. Familiares de Silva que vieram de Osasco, no interior de São Paulo, recebem gestos de solidariedade e até uma coleta de dinheiro para custear o tratamento do rapaz e as despesas dos familiares com a vinda e estadia. 

Silva, que é formado em Tecnologia da Informação, é aluno do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG). A reitoria da instituição e a coordenação do curso divulgaram notas lamentando a ação policial. Os familiares descrevem o jovem como determinado, que trabalha desde os 14 anos e sonha em se formar em Ciências Sociais.
Agência Estado

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