terça-feira, 3 de abril de 2018

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL APRESENTOU DENÚNCIA CONTRA EX. DIRETOR DO DER -PR E OUTRAS 17 PESSOAS

O Ministério Público Federal (MPF) apresentou, nesta 
segunda-feira (2), denúncia contra o ex-diretor-geral do 
Departamento de Estradas de Rodagem no Paraná
 (DER-PR), Nelson Leal Junior, e outros 17 investigados
 na 48ª fase da Lava Jato, que apura irregularidades nas
 concessões de rodovias federais no Paraná.
Leal Júnior e outras quatro pessoas estão presas desde
Entre os denunciados estão administradores e funcionários 
da concessionária de pedágios Econorte, que integra o
 grupo Triunfo, operados financeiros e servidores públicos.
 Eles foram acusador por crimes como organização 
criminosa, estelionato, peculato, lavagem de dinheiro,
 corrupção ativa e corrupção passiva.
Segundo o documento apresentado à Justiça, o MPF
 pede que seja estabelecido o mínimo de R$ 126 milhões
 para reparação de danos causados, valor que corresponde
 à lavagem feita pelos denunciados Adir Assad e Rodrigo
 Tacla Duran, e que incluiu R$ 31 milhões que, conforme o
 MPF, foram desviados da Econorte.
O documento deve ser analisado pelo juiz federal Sergio
 Moro, responsável pelas ações da Lava Jato na 1ª instância, 
que decide se aceita ou não a denúncia do MPF. Não há
 prazo para isso ocorrer.

Ex-diretor do DER-PR

Nelson Leal Júnior é apontado pelo MPF como o principal
 responsável pelo esquema dentro do DER-PR, por viabilizar 
aditivos contratuais favoráveis à Econorte. Ele foi denunciado
 pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva, 
estelionato e organização criminosa.
A denúncia relata que o patrimônio de Leal é incompatível 
com seus rendimentos e que ele usou dinheiro vivo para 
 Camboriú (SC). Além disso, a acusação diz que Leal 
recebeu, entre 2013 e 2016, mais de R$ 2 milhões em 
depósitos em espécie, sem comprovação de origem, nas
 contas bancárias que controlava.
Os procuradores também afirmam que o ex-diretor foi 
presenteado pela Econorte com dois ingressos, ao custo 
de R$ 5 mil cada, para assistir a um jogo da Copa do 
Mundo de 2014 em Brasília (DF), em camarote do Grupo 
Triunfo. Ainda conforme a denúncia, as despesas de 
viagem foram bancadas com recursos em espécie, 
poucos meses antes da aprovação de um aditivo favorável
 à Econorte.  

Ex-assessor da Casa Civil

O ex-assessor da Casa Civil do Paraná, Carlos Nasser,
 foi denunciado pelos crimes de lavagem de dinheiro de
 organização criminosa. Segundo o MPF, a empresa 
Power Marketing, de propriedade de Nasser, recebeu
 R$ 2,9 milhões da Rio Tibagi, subsidiária da Econorte,
 e da Triunfo Participações, sem a efetiva prestação de
 serviços.
“A empresa POWER MARKKETING, porém, não conta
 com empregados registrados e nunca teve existência real, 
como confirmado pelo próprio CARLOS NASSER”, 
detalha a denúncia.
Os procuradores afirmam que o dinheiro foi sacado pelo
 ex-assessor e utilizado, segundo depoimento de Nasser,
 no financiamento de campanhas políticas.

Econorte

De acordo com os procuradores, os administradores da
 Econorte, denunciados por associação criminosa, lavagem
 de dinheiro e estelionato, implantaram um esquema de
 contratações fraudulentas e desvios dentro da empresa,
 que possibilitava fraudar o equilíbrio econômico do contrato 
de concessão com o Paraná.
Esse esquema, ainda de acordo com a denúncia, gerava 
dinheiro em espécie para o pagamento de propina a 
servidores públicos e enriquecimento dos próprios adminis-
tradores e funcionários da concessionária.
Foi por meio dessa fraude que foi possível obter aditivos 
contratuais junto ao DER-PR, conforme a denúncia.

Operadores financeiros

Operadores financeiros já investigados na Lava Jato estão
 entre os acusados, sendo que dois deles, Adir Assad e 
Marcelo Abud, firmaram acordo de colaboração premiada
 com o MPF e detalharam a lavagem de R$ 85 milhões para 
o Grupo Triunfo.
Os procuradores também apontam que os operadores 
financeiros Rodrigo Tacla Duran e Ivan Carratu lavaram
 outros R$ 6 milhões para o grupo, por meio da simulação
 de contratos de serviços jurídicos.
A denúncia ainda relata contratações irregulares da Econorte
 com empresas ligadas a agentes públicos do Paraná –
 incluindo ex-servidores do DER/PR e da Casa Civil estadual –
 que, ou não prestavam nenhum serviço, ou superfaturavam
 os serviços contratados. 

Prisões e continuidade das investigações

Ao fim da denúncia, o MPF pede a continuidade das 
investigações no inquérito já instaurado, para apurar a 
conduta de outros investigados, alvos de busca e apreensão, 
que não foram denunciados nesta segunda-feira.
"[O MPF pede] também, a continuidade das investigações 
segue para esclarecimento de outros crimes antecedentes
 ainda não esclarecidos por completo", diz o documento.
Os procuradores reiteraram os pedidos de prisão preventiva
 de quatro denunciados – Helio Ogama, Leonardo Guerra,
 Nelson Leal Junior e Wellington de Melo Volpato.
Já em relação a Oscar Alberto da Silva Gayer, o MPF 
entende que é possível substituir a prisão preventiva por 
outra medida, com afastamento das funções em empresas
 que mantenham contratos com o poder público.

O que dizem os citados

O DER-PR reitera que todas as decisões relativas aos 
contratos de concessão são embasadas pela análise da 
equipe técnica e questiona os critérios usados pelo MPF 
para alegar suposto superfaturamento.
A Triunfo Participações e Investimentos, que controla a 
Econorte, informou que não comenta investigaçoes em
 andamento e que está colaborando com as autoridades.
A defesa de Nelson Leal Júnior afirmou que vai pedir a
 revogação da prisão dele e comprovar a improcedência
 da denúncia.
O Governo do Paraná afirmou que não pode se manifestar
 em nome de um ex-funcionário.
As defesas de Leonardo Guerra e de Wellington de Melo 
Volpato informaram que ainda não tiveram acesso à denúncia 
e que só vão se manifestar após analisar o documento do MPF.
O advogado de Oscar Alberto da Silva Gayer disse que 
vai aguardar a decisão da Justiça sobre o recebimento ou
 não da denúncia.
G1 tenta contato com os outros citados na reportagem.

A 48ª fase

A 48ª fase da Lava Jato, batizada de Integração, foi 
deflagrada em 22 de fevereiro deste e teve como alvos 
principais servidores públicos e empresas investigadas por
 irregularidades nas concessões de rodovias federais no 
Paraná. Na ocasião, seis pessoas foram presas - entre
deles foi solto.
Além mandados de prisão, a Polícia Federal (PF) cumpriu
 55 mandados de busca e apreensão; a Casa Civil, na sede
 do governo estadual, foi um dos alvos.
Segundo o MPF, a fase da operação tenta mostrar as 
 pelos pedágios. De acordo com a investigação, o valor 
das tarifas foi superfaturado para financiar a corrupção.  G1

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