quinta-feira, 1 de junho de 2017

SAFRA RECORDE DE SOJA NO PARANÁ

 Paraná colheu safra recorde de soja este ano, mas o superabastecimento 
dos celeiros nacionais e internacionais gerou queda na demanda e, por 
consequência, travou as vendas do estado.
Segundo o governo estadual, foram colhidas 19,5 milhões de toneladas, 
frente a 16,5 milhões de toneladas em 2016. A produtividade das lavouras,
 também recordista, foi de 3.720 quilos por hectare -- 19% maior do que 
no ano anterior. Até o momento, no entanto, apenas 44% da produção 
foi comercializada, de acordo com o Departamento de Economia Rural 
do Paraná (Deral). No ano passado, o percentual já era de 70%, na 
mesma época.
Nos três primeiros meses de 2017, a safra recorde de grãos cumpriu
seguidos de queda, enquanto a indústria e serviços não deram 
sinais claros de reação. O PIB da agropecuária cresceu 13,4% no
 primeiro trimestre, puxando um crescimento de 1% no PIB do primeiro
Com muita oferta e nem tanta demanda, a estimativa do Deral é de 
que ainda haja cerca de 11 milhões de toneladas de soja paradas 
nos armazéns paranaenses.
O preço já chegou a R$ 83 por saca com 60 quilos, no começo da 
safra, mas, atualmente, oscila entre R$ 57 e R$ 58 por saca -- 21%
 a menos em relação ao mesmo período de 2016.
O agricultor Gerson Magnoni Bórtoli, de Umuarama, no noroeste para-
naense, afirma que teve a melhor colheita de sua história. Porém, reforça
 que, em razão da baixa procura pelo grão, não conseguiu reverter a boa 
produtividade em dinheiro.
"Foi a melhor safra que eu tive na minha vida. Este ano foi o conjunto 
de tudo: clima favorável, bom preparo da terra, insumos com bom preço. 
Fizemos o dever de casa e São Pedro nos ajudou. O problema é que 
o preço caiu muito. Acabei colhendo 25% a mais do que o ano passado, 
mas a receita foi a mesma", comenta o produtor. Bórtoli diz que, 
mesmo sem lucro acima do esperado, vai investir em melhor preparo 
do solo para manter o boa produção na próxima safra. "Estou investindo
 na preparação do solo, com mais tecnologia e um adubo um pouco 
diferenciado. Vamos fazer uma adubação boa, que é o essencial. 
Depois, só Deus sabe o que vai vir. Tudo, agora, é especulação", 
explica.
Alertado sobre a supersafra antes do plantio, o produtor Ângelo 
Celestino, de Ivailândia, no norte do estado, foi cauteloso: preferiu
 manter o tamanho da produção, em vez de investir em maior
 produtividade, para não deixar soja parada.
"Eu trabalho um pouco diferente do pessoal. Tenho produzido
 pela qualidade, me mantendo pequeno, sem pensar no preço. 
A produção está alta, não tem muita procura. Então, não adianta 
dar o passo maior do que a gente pode. Por enquanto, minha ideia
 tem dado certo", comemora.
Celestino também tem apostado na rotação de culturas. Com o fim 
da colheita de soja, ele já tem trabalhado com milho, trigo e aveia
 para o inverno. A expectativa, para esses grãos, também é de 
supersafra. "Tomara, mesmo, que a produção seja boa. Mas não 
vou mudar o que tenho feito. Pagando minhas contas, já tá ótimo",
 descontrai o agricultor.

Compras cautelosas

Os produtores têm mantido cautela para compras em razão da
 incerteza nas vendas da soja, segundo Felipe Camargo, coordenador 
da Cocamar Máquinas, concessionária da empresa americana 
John Deere em Maringá. Ele diz que, apesar de aumento de 50% 
no semestre, os negócios desaceleraram nos últimos meses.
"As vendas de maquinário, neste primeiro semestre, estão boas, mas
 temos notado que os produtores estão bastante cautelosos. O preço
 está lá embaixo e isso atrapalha as negociações. Temos feito ações 
e preços melhores para compensar isso e atrair os clientes", conta. G1.

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