O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse
nesta segunda-feira (26) que continuará a conversar com diretórios do
partido na tentativa de convocar para novembro uma convenção destinada a
discutir, entre outros assuntos, se o PMDB permanece na base aliada do
governo. Ele quer saber se existe um número mínimo de diretórios para
pedir a convenção.
"O PMDB não pode se furtar a discutir essa relação. Adiar isso é tapar o sol com a peneira", afirmou o deputado.
Cunha informou que, em novembro, deve se posicionar sobre o
pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff formulado pelos
juristas Hélio Bicudo, Janaína Paschoal e Miguel Reale e apoiado ppor
partidos de oposição como o PSDB, DEM, PPS e SD. Ele disse que ainda não
terminou a leitura do documento, mas que talvez apresente a decisão no
próximo mês. "Eu tentarei ser o mais rápido possível, dentro do juízo da
convicção."
A defesa da realização da convenção do PMDB é mais um capítulo
no debate de setores do partido em torno do apoio ao governo. Cunha, que
em julho se declarou oposição ao governo, disse, durante entrevista no
Salão Verde, que tem "protestado" muito pela realização da reunião,
prevista para novembro, mas adiada para março do próximo ano. O
adiamento do debate ocorreu após a reforma em que sete ministérios foram
concedidos ao PMDB.
No lugar da reunião, o PMDB deverá realizar um encontro da
Fundação Ulysses Guimarães, para discussão de alterações em seu estatuto
e de um programa para enfrentar a crise econômica. Defensor da saída do
PMDB da base aliada, Cunha disse que a reunião precisa ser realizada.
"Até porque, se o PMDB tiver uma maioria que deseja continuar na posição
em que está, essa maioria vai se fazer presente. Adiar a reunião é,
talvez, adiar uma decisão que pode não ser positiva para aqueles que
querem continuar."
A decisão do rompimento com o governo foi motivada pela acusação
do consultor Júlio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato, de
que Cunha recebeu US$ 5 milhões em propina para viabilizar um contrato
de navios-sonda da Petrobras para a empresa Toyo Setal. Camargo falou ao
juiz Sérgio Moro, responsável pelos inquéritos da operação. Ao romper
com o governo, Cunha denunciou uma tentativa de fragilizá-lo.
Na entrevista de hoje, Cunha voltou a criticar a proposta do
governo de recriar a Contribuição Provisória sobre Movimentação
Financeira (CPMF). Na última quinta-feira, representantes da
Confederação Nacional dos Municípios (CNM) manifestaram apoio à
proposta, desde que a alíquota seja de 0,38% e partilhada entre União,
estados e municípios.
Perguntado sobre uma possível "pressão" dos prefeitos pela
aprovação da proposta na Câmara, Cunha respondeu que não será "exitosa".
"Se fosse na véspera da eleição dos deputados, ainda poderia haver
alguma chance, mas [estamos na época] da eleição deles [prefeitos], eles
é que estão precisando de ajuda. Não são eles que vão ajudar deputado."
Nenhum comentário:
Postar um comentário