As declarações do dono da construtora Valor, Eduardo Lopes
de Souza, principal delator da Operação Quadro Negro,
no interrogatório à Justiça, ocuparam a maior parte do tempo
dos discursos dos deputados na sessão desta terça-feira
(15) da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).
Trechos do depoimento foram divulgados, com exclusi-
vidade, pela RPC na segunda-feira (14). Ele contou como
funcionava o esquema e citou a entrega de dinheiro vivo a
agentes públicos e a políticos. A investigação apura desvios
de R$ 20 milhões da construção e reforma de escolas estaduais.
Três deputados estaduais da atual legislatura foram citados
no interrogatório do delator: o presidente da Alep, Ademar
Traiano (PSDB), Plauto Miró (DEM) e Tiago Amaral (PSB).
Eles não falaram sobre as denúncias na sessão desta terça.
"Estamos falando do governador Carlos Alberto [Beto Richa],
que segundo o delator, teria ocorrido uma relação com o
próprio [Maurício] Fanini [ex-diretor da Secretaria de Educação],
que à época estava no governo do estado, e que havia dado
sinal verde para que se fizesse superfaturamento [de obras]
em escolas, recebesse por medições feitas de forma a fraudar
o processo", disse Tadeu Veneri (PT), líder da oposição.
Depois que os opositores falaram, deputados que defendem
o ex-governador Beto Richa também foram à tribuna e
criticaram as afirmações feitas pelo dono da construtora à
Justiça. O ex-líder do governo na Alep, Luiz Claudio
Romanelli (PSB), disse que o ex-governador foi quem
recebeu uma denúncia de uma irregularidade na reforma
de um colégio e determinou a apuração do caso. "Daquela
denúncia, ele mandou investigar, fazer apuração e no início
de 2015 se identificou que havia várias irregularidades no
âmbito na superitendência de desenvolvimento educacional",
afirmou.
Interrogatório
Sobre o ex-governador, o delator disse que soube por Fanini
que parte do dinheiro desviado das escolas foi para bancar a
campanha de reeleição de Richa, em 2014. O empresário
também citou a entrega de dinheiro ao presidente da Alep.
Souza explicou sobre duas entregas de dinheiro para o
deputado Plauto Miró e disse, ainda, que Tiago Amaral recebeu
R$ 50 mil para a campanha de 2014.
O que dizem os citados
O ex-governador Beto Richa e o PSDB disseram que são
falsas as informações prestadas "por um criminoso confesso,
que, busca se livrar dos graves crimes cometidos, e tenta sem
fundamento ou prova, envolvê-los nesses ilícitos". Richa
afirmou também que tão logo teve conhecimento das denúncias
sobre fraudes na construção das escolas, determinou a
realização de investigação que deram início à operação.
Ele disse também que os servidores públicos envolvidos
foram demitidos e ações judiciais determinaram o bloqueio
de bens para o ressarcimento dos cofres públicos. Em
nota, Ademar Traiano afirmou em nota que assegura a lisura
das suas ações e que a Justiça deve agir na plenitude de suas
competências. Tiago Amaral afirmou que a denúncia não é
verdadeira, que jamais teve qualquer relação e recebeu doação
eleitoral de Souza. Segundo ele, quanto mais rápido avançarem
os procedimentos, antes será esclarecido que ele não tem nada
a ver com o que está sendo investigado. O PSB afirmou que
não recebeu nenhuma doação direta para Amaral e não doou
para campanha dele. A Secretaria Estadual de Educação
informou que foi a primeira a investigar os indícios de disparidades
em medições de obras de escolas. As defesas de Plauto Miró
e de Maurício Fanini declararam que não vão se manifestar. G1
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