A greve dos caminhoneiros chegou, nesta segunda-feira (28),
ao 8º dia nas rodovias do Paraná. A mobilização também
segue em outros estados. Há falta de combustível, e aulas
foram suspensas. Nas principais cidades do estado, os ônibus
do transporte coletivo circulam normalmente. Nesta manhã,
de acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), há 157
pontos de protestos nas estradas estaduais. O balanço foi
divulgado às 9h. No sábado (26), eram cerca de 165.
Veja os reflexos da paralisação nesta segunda-
feira:
Combustível
O Sindicombustíveis do Paraná obteve uma liminar para
o desbloqueio do terminal de carregamento de combustíveis
de Araucária. O sindicato informou que um oficial de justiça
deve levar a liminar até os manifestantes. Ainda há bloqueios
na refinaria e nas bases de distribuição.
Caminhões-tanque carregados com combustíveis ainda não
chegaram na maioria dos municípios paranaenses, e por
isso não há estoque disponível. Londrina, Maringá,
Guarapuava, Foz do Iguaçu, Cascavel, União da Vitória,
Ponta Grossa, todo o litoral do Paraná e municípios
vizinhos destas cidades estão sem combustível.
Na fronteira, os motoristas brasileiros estão enfrentando
filas nos postos do Paraguai para abastecer. Um homem de
31 anos foi preso no sábado suspeito de venda ilegal de
combustível em Medianeira.
Apenas um posto de Maringá tem combustível para abastecer
carros da polícia, dos bombeiros e do Samu.
Em Londrina, os caminhoneiros fecharam a central de distribuição
de combustíveis.
Transporte público
Os ônibus do transporte público estão operando normalmente
em Curitiba, Londrina e Maringá.
Em Ponta Grossa, a concessionária do serviço recebeu 55
mil litros de óleo diesel no domingo (27), porém, como não
há previsão do fim da paralisação no estado, o número de
veículos nas ruas foi reduzido e está operando com uma
tabela de horário de domingo readequada. De 80 mil a 100
mil pessoas utilizam o transporte público diariamente. O município
tem 101 linhas de ônibus.
Em Francisco Beltrão, no sudoeste, o transporte público foi
reduzido na sexta-feira. No domingo, os ônibus não rodaram.
Em Pato Branco, novas linhas que estavam previstas para
começarem a rodar no domingo, foram canceladas.
No noroeste do estado, em Umuarama, as linhas estão
circulando com ônibus a menos, o que aumenta o tempo
de espera para os passageiros.
Em Cascavel, o transporte está operando das 6h às 8h30,
11h30 às 14h, e das 17h às 19h. E em Foz do Iguaçu, as linhas
estão funcionando com horários reduzidos. Na segunda-feira,
das 5h às 7h30, 11h às 13h, 17h às 19h30 e 23h às 0h30.
Aeroportos
Os aeroportos estão operando normalmente nesta segunda-
feira. Não há registro de atrasos ou cancelamentos de voos.
O aeroporto de Maringá informou que tem combustível até
quarta-feira.
Saúde
Foi suspenso as cirurgias eletivas dos hospitais Santa Casa,
Municipal e do Câncer atendendo somente casos de urgência
e emergência.
O Hospital de Clínicas em Curitiba informou que alguns fornece-
dores não estão conseguindo entregar mercadorias e já impactos
como falta de abastecimento de carne, frutas e hortaliças. Os
exames de imagem, que necessitam de contraste, e seriam
realizados a partir de segunda-feira (28), foram desmarcados
para garantir o atendimento de casos emergenciais de pacientes
internados.
Educação
A Secretaria Estadual de Educação suspendeu as aulas na rede
estadual em 68 municípios paranaenses. Nesta segunda-feira,
todo os núcleos educacionais vão se reunir para avaliar a situação
e determinar se as atividades serão retomadas ou continuam
suspensas.
das redes municipais de educação. Como não há estoque
de combustível, o transporte escolar não consegue pegar os
alunos. Também não há estoque suficiente de alimento para
preparar as merendas.
Em Maringá, são 114 escolas municipais que estão com aulas
suspensas durante toda a semana, 40 mil crianças estão sem
aulas.
Em Londrina, são mais de 38 mil crianças sem aulas nesta
segunda-feira.
Gás
Os estoques de gás de cozinha zeraram em Maringá. Segundo
o Sinegás, nenhuma das 100 revendas da cidade tem o produto.
Nesses oito dias de paralisação dos caminhoneiros, aproxima-
damente 18 mil botijões deixaram de ser vendidos na cidade.
Também não há estoque de gás em Londrina, Paranavaí,
Umuarama, Cianorte e Cascavel.
Nova proposta
Na noite de domingo (27), representantes de caminhoneiros
autônomos afirmaram que aprovam as medidas para a
categoria anunciadas, mais cedo, pelo presidente Michel
Temer. Em Curitiba, o presidente da Confederação Nacional
dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno,
disse que as três novas propostas recebidas do governo
federal serão levadas aos caminhoneiros no país para
avaliação.
"Acredito que até amanhã tenha uma resposta [sobre
as propostas]. Estamos de plantão 24 horas aguardando
à nação brasileira", afirmou Bueno no domingo. Com
o governo espera encerrar a greve dos caminhoneiros.
Entre as medidas está a redução de R$ 0,46 no preço
do litro do diesel por 60 dias e a isenção de pegamento
de pedágio para eixos suspensos de caminhões vazios.
Apenas a redução de R$ 0,46 no preço do diesel custará
ao governo R$ 10 bilhões.
No pacote, estava prevista a edição de três medidas
provisórias para atender à demanda dos caminhoneiros.
As MPs saíram em edição extra do Diário Oficial da
União publicada no fim da noite dee domingo.
Governadora conversa com caminhoneiros
A governadora do Paraná, Cida Borghetti (Progressistas),
participou de duas reuniões no domingo no Palácio Iguaçu,
em Curitiba.
Às 16h, ela conversou reservadamente com representantes
dos caminhoneiros autônomos. A reunião durou cerca
de uma hora.
Depois, ela se reuniu com os representantes dos
caminhoneiros, do setor produtivo, federações das
indústrias e agricultura, integrantes do governo,
empresários do setor de transportes, PRF e Defesa
Civil. Esse encontro terminou pouco depois das 20h.
Ao final da reunião, a governadora anunciou a redução
da base de cálculo do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o diesel de
R$ 3,20 para R$ 2,95, a partir de 1º de junho. Conforme
a assessoria do governo, essa redução deve representar
uma queda de R$ 0,04 por litro do combustível para o
consumidor final. A medida vale por 90 dias.
José Roberto Ricken, presidente da Organização das
Cooperativas do Paraná (Ocepar), que participou das
reuniões, disse que o setor já registrou perda real de
mais de R$ 150 milhões nesses sete dias de paralisação
dos caminhoneiros.
"Ficou claro que o problema que existe no transporte,
ambém existe na produção. Nós também usamos óleo
diesel. Pedimos encarecidamente que houvesse uma
trégua para evitar o caos", afirmou.
O presidente da Federação das Indústrias do Paraná
(Fiep), Edson Campagnolo, também falou sobre o
pedido de trégua aos representantes dos caminhoneiros.
"Estamos cavando nossa própria sepultura", afirmou,
ao comentar sobre os reflexos da paralisação e possíveis
problemas sanitários gerados em aviários e no descarte
de leite.
Houve, ainda no domingo, uma terceira reunião no
Palácio Iguaçu. Participaram representantes do governo,
de caminhoneiros e do setor produtivo, sem a presença
de Cida Borghetti. G1
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