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sexta-feira, 23 de março de 2018

PROJETO DE LEI VEM PROVOCANDO DISPUTA ENTRE BANCOS E LOTÉRICAS




Um projeto de lei que está pronto para ser votado
 no Senado vem provocando uma disputa entre 
lotéricas, de um lado, bancos e concessionárias
 públicas, do outro. No centro da polêmica, estão 
os boletos bancários. A proposta aumenta a remu-
neração dos mais de 84 mil correspondentes ban-
cários que aceitam o pagamento de contas no País.

Já aprovado pelos deputados, o Projeto de Lei 1 de
 2018 prevê que lotéricas e o comércio deverão
 receber 0,8% de cada conta paga no caixa, com
 mínimo de R$ 1,06 e máximo de R$ 3,14. Atualmente,
 a remuneração é variável e negociada entre o 
comerciante e o banco. Instituições financeiras 
dizem que, para cada conta recebida, pagam em 
média de R$ 0,80 a R$ 0,85. Já as lotéricas falam 
em média de R$ 0,60.

Os correspondentes bancários reclamam uma comissão
 maior por esse serviço. Bancos e concessionárias de 
serviços públicos dizem que o aumento pode afetar o
 consumidor e que a medida reduziria o serviço, preju-
dicando especialmente pequenas cidades.


O autor do projeto é o deputado Luiz Carlos Hauly 
(PSDB-PR). O tucano faz parte da Frente Parlamentar
 em Defesa dos Lotéricos que tem 207 membros. 
"Estamos discutindo uma renda mínima para os 
lotéricos", defende o deputado que diz não ter lotéricas 
ou interesse no tema. "Sou um homem público e essa
 é uma pauta importante", diz, ao lembrar que cerca
 de 500 lotéricas fecharam nos últimos anos.

Aos bancos e concessionárias de serviços públicos, a
 nova proposta poderia custar até R$ 12 bilhões por ano.
 Os valores são estimados com o gasto extra de R$ 4
 bilhões para recebimento de contas de concessionárias
 públicas, R$ 3 bilhões de boletos tradicionais e a 
despesa extra de R$ 3 bilhões com o transporte de valores.

Além de criar uma comissão mínima de R$ 1,06 a cada
 boleto recebido, o projeto obriga que o transporte de 
dinheiro do correspondente até o banco seja custeado 
pelas instituições financeiras. Hoje, é uma responsa-
bilidade dos lotéricos e varejistas - que são vítimas de
 assaltos e roubos. Dos correspondentes bancários, 
cerca de 70 mil estão no varejo - como mercados,
 farmácias e padarias - e outros 13 mil são agentes
 lotéricos tradicionais.

Os lotéricos são os principais defensores da medida 
e têm feito forte pressão no Congresso. O presidente 
da Federação Brasileira das Empresas Lotéricas 
(Febralot), Jodismar Amaro, diz que o setor tentou 
negociar o aumento dos valores com a Caixa, mas 
as negociações não avançaram. "O projeto repõe a
 inflação. O custo de processar um boleto está entre
 R$ 0,80 e R$ 0,90. É mais do que o que gente recebe", diz.

O presidente executivo da entidade que reúne operadoras
 de telefonia, o Sinditelebrasil, Eduardo Levy, diz que a 
mudança teria duas consequências. Ele acredita que as 
empresas de telecomunicação tendem a repassar o
 custo aos clientes. Já as concessionárias de água e 
luz poderão ter dificuldade porque os preços ao
 consumidor são regulados.

Outra hipótese citada por Levy é que bancos poderão 
até encerrar acordos com correspondentes pelo custo
 de transporte de dinheiro. Nesse caso, há risco de
 aumento da inadimplência em mais de 2 mil municípios 
que não têm agência bancária - localidades onde o custo
 de transporte seria maior.

Procuradas, Caixa e Febraban não se pronunciaram 
sobre o tema. As informações são do jornal O Estado 
de S. Paulo. Agência Estado

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