.

.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

ACORDO PARA SUBIR TARIFAS DA ECONORTE RENDEU R$ 945 A UMA EMPRESA DE FACHADA

As investigações da 48ª fase da Operação Lava Jato apontam que 
um acordo que garantiu aplicação de degrau tarifário no reajuste do
 pedágio da Econorte em troca de R$ 18 milhões em obras na região
 de Londrina, no norte do Paraná, rendeu R$ 945.358,67 a uma
 empresa possivelmente de fachada, segundo o Ministério Público
 Federal (MPF).
A nova fase da operação, batizada de Integração, foi deflagrada na
 manhã desta quinta-feira (22), com a prisão temporaria de seis
 pessoas após decisão do juiz federal Sergio Moro.
Nesta etapa, são apurados crimes como corrupção, fraude a
 licitações e lavagem de dinheiro na concessão de rodovias federais
 do Paraná.
Um dos presos é o diretor-geral do Departamento de Estradas de
 Rodagem do Paraná (DER-PR), Nelson Leal. Ele nega o 

O acordo

A PGB Engenharia, que recebeu o dinheiro, tem como sócio-
gerente Paulo Garcez Beckert, que é filho do assessor de 
planejamento do DER-PR, entre janeiro de 2013 e junho de 2016, 
Gilson Beckert.
Paulo teve o mandado de prisão temporária retirado nesta fase 
da operação porque está morando fora do país.
A prisão de Gilson foi indeferida por Moro por entender que a 
temporária deve ser aplicada para quem tem maior participação 
no esquema e também devido à idade avançada.
Os investigados, entre eles Paulo e Gilson, tiveram R$ 20 milhões 
em bens bloqueados pela Justiça.
Em depoimento, um servidor do órgão disse que Gilson Beckert 
era “a pessoa de confiança do diretor geral tendo revisado alguns
 aditivos a pedido do diretor Nelson Leal Júnior".
No dia em que começou a trabalhar no DER-PR, Gilson enviou uma 
mensagem ao filho dizendo que tinha recusado o cargo de diretor-
geral do órgão por causa da quantidade de serviços atrasados.  As
 obras de R$ 18 milhões, que permitiram o termo de ajuste do contrato, 
foram a duplicação de 5,5 km da PR-445 e a construção de uma
 passarela próximo ao Parque Ney Braga, ambas em Londrina, além
 da implantação de terceira faixa em cerca de 5 km da BR-369, em 
Cornélio Procópio.
As investigações indicaram que os pagamentos referentes ao 
termo de ajuste feito pelas empresas Econorte e Rio Tibagi, 
ambas do Grupo Triunfo, à PGB Engenharia foram de R$ 295 
mil, em 2013 e 2014, por parte da Econorte, e de R$ 650.358,67,
 entre 2013 e 2015, provenientes da Rio Tibagi.    
Ainda de acordo com a investigação, um engenheiro da Econorte
 enviou no dia 28 de maio de 2013, logo após o termo de ajuste
 ser firmado, mensagem eletrônica a Paulo Beckert com uma proposta 
de serviços no valor de R$ 295 mil para elaboração de projetos de 
engenharia.   A Econorte, segundo a investigação, enviava boletins 
de medição dos serviços prestados pela PGB para que Paulo Beckert
 assinasse.
Tarifa de pedágio
Conforme a investigação, um termo de ajuste no contrato de concessão
 firmado em 13 de maio de 2013, entre o DER-PR e a Econorte, 
acordou o incremento de dois degraus tarifários de 4,51% para os
 anos de 2014 e 2015.  O reajuste contrariou estudo da Fundação 
Instituto de Administração que recomendava redução tarifária de
 7%, mantendo investimentos de R$ 85 milhões.
A Econorte tem a concessão de três praças de pedágio no norte 
do estado em Jacarezinho, Jataizinho e Sertaneja. A de Jataizinho, 
inclusive, tem atualmente a tarifa mais cara do Paraná, de R$ 22.
Aumento da tarifa nas praças:
  • Jacarezinho - a tarifa que em 2013 era R$ 12,40, subiu para
  •  R$ 13,10 em 2014 e chegou a R$ 13,70 em 2015;
  • Jataizinho - a tarifa que em 2013 era R$ 13,40, subiu para
  •  R$ 14,20 em 2014 e chegou a R$ 14,90 em 2015;
  • Sertaneja - a tarifa que em 2013 era R$ 11,50, subiu para 
  • R$ 12,20 em 2014 e chegou a R$ 12,80 em 2015.

A empresa

A PGB Engenharia foi constituída em março de 2013, logo após 
Gilson Beckert assumir o cargo no DER-PR, diz a decisão. 
A empresa teve decretada a quebra de sigilo bancário e fiscal 
durante as investigações.
Conforme o despacho, a empresa não tem e nunca teve empregados.
 O endereço indicado como da empresa é, na verdade, o de Gilson.
 Análise da Receita Federal apontou que se trata possivelmente de 
empresa de fachada. G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário