O empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, e o executivo
da empresa Ricardo Saud deverão ser levados de São Paulo para
Brasília nesta segunda-feira (11) pela Polícia Federal. Eles estão
presos desde o início da tarde de domingo (10) na sede da PF
em São Paulo, onde passaram a noite.
Presos por ordem do ministro Edson Fachin e a pedido do procu-
rador-geral da República, Rodrigo Janot, Joesley e Saud deverão
viajar em um avião da PF e prestar depoimento em Brasília. Eles
também devem fazer exame de corpo de delito para verificar em
que condições foram detidos e permaneceram encarcerados em São Paulo.
Como Fachin determinou a prisão temporária dos dois, eles devem
permanecer detidos ao menos por mais quatro dias em Brasília.
No decreto, o ministro determinou que a prisão ocorresse com
"máxima discrição e com a menor ostensividade", de modo a
preservar a imagem dos executivos. Também recomendou que
eles não usassem algemas, por não se tratarem de "indivíduos
perigosos".
As prisões temporárias (com prazo de cinco dias no notal) ainda
poderão ser convertidas em preventivas (com duração indeterminada).
A defesa de Joesley e Saud considera a prisão desnecessária,
"Meus clientes agiram com lealdade e continuam à disposição do
Poder Judiciário ressaltando a confiança no Supremo Tribunal",
disse em nota o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro,
o Kakay.
Ao fim do prazo de cinco dias, na sexta-feira (11), caberá ao
ministro Edson Fachin reavaliar, também com base em parecer
a ser entregue pela PGR, a necessidade de manter os executivos
na cadeia.
Acordo suspenso
temporiamente pelo ministro Edson Fachin com base na suspeita
de que os dois omitiram informações no acordo de delação fechado
com a PGR em maio. A principal omissão seria uma suposta ajuda
do ex-procurador Marcello Miller, quando ele ainda trabalhava na PGR,
durante as negociações para firmar o acordo.
"Percebe-se pelos elementos de convicção trazidos aos autos que
a omissão por parte dos colaboradores quando da celebração do
acordo, diz respeito ao, em princípio, ilegal aconselhamento que
vinham recebendo do então Procurador da República Marcello
Miller", justificou o ministro.
No pedido de prisão, Janot considerou haver indícios de que Miller
deu orientações a Joesley e Saud no período em que ainda
integrava o Ministério Público.
"Há indícios de má-fé por parte dos colaboradores ao deixarem de
narrar, no momento da celebração do acordo, que estavam sendo
orientados por Marcello Miller, que ainda estava no exercício do
cargo, a respeito de como proceder quando das negociações,
inclusive no que diz respeito a auxílio prestado para manipular
fatos e provas, filtrar informações e ajustar depoimentos", escreveu
Janot.
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