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terça-feira, 1 de setembro de 2015

TENENTE DA POLÍCIA MILITAR DEFENDE O FIM DO POLICIAMENTO DENTRO DOS ESTÁDIOS DE FUTEBOL


Policiais retiram torcedor do Paraná após briga na Vila Capanema, em jogo contra o CRB, pela Série B.
Policiais retiram torcedor do Paraná após briga na Vila Capanema, em jogo contra o CRB, pela Série B. (Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)
Fernando Paulo Cantador, comandante da 5ª companhia do 12º batalhão da PM, afirma que não há efetivo para cuidar ao mesmo tempo dos jogos e das ruas e que clubes deveriam contratar seguranças para garantir a ordem nas arquibancadas 
O projeto de lei que tramita na Câmara dos Vereadores e pretende autorizar a comercialização de bebidas alcoólicas nos estádios de Curitiba levou a Polícia Militar se posicionar de maneira taxativa: é contra a medida, por entender que eleva o risco de violência nas praças esportivas. Mas esse não é o único tema polêmico envolvendo futebol e autoridades policiais. 
Para o tenente Fernando Paulo Cantador, comandante da 5.ª Companhia do 12.º Batalhão da Polícia Militar (BPM), é hora de rever a utilização de policiais militares dentro de estádios de futebol.
“A Polícia Militar (PM) deveria cuidar apenas do lado de fora do estádio, para que sobrasse efetivo para colocar nas ruas. Em um jogo de futebol a gente aplica até 200 policiais, então é humanamente impossível policiar os bairros nestas datas. Enquanto a PM está no estádio, de forma errada, o restante da população fica desprotegido nas ruas. É inevitável”, argumenta o tenente.
“É uma situação que representa a utilização do funcionário público em evento privado. Somos policiais militares e devemos prestar serviços para a população e não para eventos de clubes, que são empresas privadas”, defende Cantador, para quem a segurança dentro das praças esportivas deveria ser feita por seguranças privados contratados pelos clubes.
O projeto de lei que autoriza a volta da cerveja aos estádios, de autoria do vereador Pier Petruzziello (PTB), foi aprovado pela Câmara Municipal em primeiro turno na terça-feira (25) da semana passada. Após pressão do Ministério Público e da PM, no entanto, a votação em segundo turno prevista para o dia seguinte acabou adiada por decisão da maioria.
Inclusive, uma declaração do major Alex Breunig na Câmara dos Vereadores na última quarta-feira (26), de que o possível aumento da violência decorrente da aprovação do projeto seria culpa dos vereadores, gerou mal-estar na casa. Tanto que, na quinta-feira (27), motivou pedido de desculpas por parte do Comando da PM. A instituição, todavia, não mudou seu posicionamento em relação à lei.
“Nosso parecer é de que a liberação da cerveja nos estádios maximiza o índice de ocorrências criminosas. Está claro em nosso sistema”, corrobora Cantador. “Mas o que deveria ocorrer é uma mudança de cultura. Estamos falando de atividade desportiva, não de guerra. A PM deveria fazer coisas que surtem efeito para a população, como evitar crimes e a venda de drogas nas ruas. E não ficar apartando briga de gente que nem sabe por que está brigando”, diz o tenente.
“Por que não começar essa mudança de comportamento aqui em Curitiba, no Paraná? Já demos tantos outros exemplos para o país. Não deveria haver nem divisão entre as torcidas. Quem entra em um estádio tem de saber se portar, está na hora de mudar”, finaliza Cantador.

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