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sábado, 4 de julho de 2015

MINISTÉRIO PÚBLICO DE SÃO PAULO INSTAURA INQUÉRITO PARA APURAR RACISMO CONTRA JORNALISTA


O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) informou nesta
sexta-feira (3) que instaurou um procedimento investigatório criminal
 para apurar os comentários racistas direcionados à jornalista Maria
Júlia Coutinho, do “Jornal Nacional”, da TV Globo.
“As pessoas acham que estão navegando em um oceano de
 impunidade, mas já presidi várias investigações (sobre crimes
 de racismo na internet) e tive sucesso”, afirma o promotor de
Justiça Criminal Christiano Jorge Santos, que também é professor
de Direito Penal da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
 (PUC-SP).
Santos diz que o órgão teve acesso ao caso por meio do controle
 interno que é feito no MP-SP e que a investigação logo foi aberta.
Ele diz que o fato de a jornalista ser uma figura pública não interferiu
 no processo. “Para nós, não faz diferença se é conhecida ou não.”
O promotor, que é autor do livro “Crimes de Preconceito e de
Discriminação”, disse que começou a investigar crimes de racismo
 online em 2004 e que a prática tem crescido nos últimos anos.
“Posso dizer que está crescendo e é um crescimento vertiginoso.
Quanto maior o número de pessoas acessando a internet e as
redes sociais, maior o número de casos. Mas as pessoas precisam
entender que a livre manifestação de pensamento não é absoluta”,
afirmou o promotor.
Ele diz que as pessoas que fizeram os comentários sobre Maria
Júlia podem ser enquadradas nos crimes de racismo e de
 injúria qualificada. O crime de racismo é imprescritível e
 inafiançável. Já a injúria qualificada tem pena de um a três
anos de reclusão.
Entenda o caso
A jornalista foi alvo de comentários racistas na noite de
quinta-feira, 2, na página oficial do telejornal no Facebook.
Usuários escreveram posts pejorativos sobre a cor da pele
da jornalista em uma publicação que continha a foto dela
com a previsão do tempo para esta sexta-feira.
Publicações em defesa de Maria Júlia, também chamada
de Maju por colegas de trabalho e telespectadores, logo
surgiram após as críticas. Na tarde desta sexta, um usuário
 do Twitter postou uma crítica ofensiva à jornalista, que foi
 rebatida por ela. “Beijinho no ombro”, respondeu Maju.
Ainda nesta tarde, o âncora do “Jornal Nacional” William Bonner,
 a apresentadora Renata Vasconcellos e a equipe do telejornal
fizeram um vídeo em resposta aos comentários preconceituosos.
Sem citar a polêmica, Bonner falou: “A gente queria dar um
recado para vocês. E o recado é esse aqui, ó: ‘somos todos Maju’“.
Até as 18h10, o vídeo já tinha 44.498 compartilhamentos.
A hashtag “SomosTodosMajuCoutinho” ficou em primeiro
lugar nos Trend Topics do Twitter.
Em nota, a TV Globo informou que as mensagens racistas
contra a jornalista Maria Júlia Coutinho foram retiradas da
 página do Facebook do “Jornal Nacional”. A Globo estuda
ainda as medidas judiciais cabíveis para o caso, informou
a nota.

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